segunda-feira, 17 de junho de 2019

Do amor... do carinho... do cuidado...

A Carolina é uma menina muito especial (os nossos filhos são sempre, não é verdade?). É muito adulta, muito atenta, muito empática, preocupada e cuidadora! Desde que o irmão nasceu (e tirando a parte dos ciúmes) que tem um cuidado especial para com ele. Aliás, eles têm a relação mais bonita que eu já conheci!
Há umas semanas, o benjamim cá de casa começou a comer sopa e fruta. E, enquanto ele come, lá está ela em voz de fundo: 'Maninho, tens de comer tudo, para ficares forte e crescido. A mana, quando era como tu, também comia tudo!'
E ele come. Que encher o bandulho é mesmo a cena dele! Sempre de boca aberta.
No fim, ela oferece-lhe o melhor sorriso e diz-lhe: 'Muito bem, maninho! A mana está tão orgulhosa de ti! Quando cresceres dou-te um rebuçado!' 💝

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Pérolas soltas #19

Dona Carolina, ultimamente, sempre que vê anúncios no Canal Panda, suplica: 'Mãe, podes comprar-me isto?' Acho mesmo que se tornou um vício, porque não há coisa que apareça, que ela não peça! Normalmente, ignoro-a! Mas estes dias, com mais paciência, lá lhe perguntei: 'E achas que eu vou comprar essas coisas todas com que dinheiro? O dinheirinho que temos é para comprar comida, roupa, para pagar a escola...'
Ela riposta, muito prontamente: 'Tens de trabalhar muito como o pai!'

Ganda lata! O pai ainda lhe perguntou: 'Ai é? Quem te dá de comer? Quem lava e passa a tua roupa? Quem te dá banho? Não é a mãe? Então ela trabalha muito!'

Ela franziu o sobrolho, pouco convencida. É que isso não dá dinheiro para comprar brinquedos!!!

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Lei de Murphy

"Qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível."

puto mais novo cá de casa anda há semanas chato, choroso, febril, não dorme, não come. Se somarmos a isto um aneurisma cerebral e a necessidade de evitarmos que ele chore, para não fazer pressão e não rebentar, ao mínimo sintoma, lá vamos nós ao hospital despistar os desconfortos. Passamos a vida nisto. E ontem não foi excepção! Entrei nas urgências às 09:30, saí às 13:30. 'Nada mau até, já cá passei dias inteiros' - pensei eu! No entanto, estava com uma neura descomunal. Não durmo há 5 meses, temos de estar em alerta constante, passo a vida em ambiente hospitalar (um dia desta semana tivemos de ir a Lisboa só mostrar exames e voltar!)... confesso que há sítios mais interessantes onde me apetecesse estar!
Mas pronto, cheguei a casa às 13:30. Lar, doce lar. O dia ia, finalmente, começar a correr bem. O miúdo até estava mais bem disposto.
#soquenao
Ao final da tarde, vou buscar a Carolina. Quando se estava a preparar para tomar banho e vestir o pijama, cai abaixo da cama e racha a cabeça. Eu sozinha com os dois. Arranjo quem me fique com o puto e sigo para as urgências com ela. Cheguei a temer que chamassem a comissão de protecção de menores!!! Chego à triagem: 'A sua cara não me é estranha! Não esteve aqui de manhã com outro bebé Esteves?' 😏😅
Os meus filhos andam a competir, para ver quem tem mais problemas na cabeça, de certeza! Um arranjou um aneurisma, a outra um traumatismo craniano!
Estou a ponderar seriamente deixá-los lá no hospital. Ou arranjar uma via verde de acesso às urgências.
Lembram-se da Lei de Murphy? Foi isso que sucedeu ontem: 
"Qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível."

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Pérolas soltas #18

Tenho um livro, que estou a ler, em cima do sofá, com o marcador na respetiva página onde fiquei da última vez que peguei nele (ou melhor... tinha!).
Dona Carolina, pega nele, tira o marcador do sítio e folheia-o.
Quando dei conta, resmunguei, esperneei, gritei (que basicamente é o meu mood nos últimos tempos - tenho de fazer um retiro!).
Ela, com a maior calma do mundo: 'Mas oh mãe, não podes ser assim. Não podes ser invejosa. Se eu também quero ver o livro, tens de emprestar as coisas! Eu também empresto as minhas.' 

[Tentei contra-argumentar, mas a felicidade de perceber que os meus conselhos ('não sejas invejosa') dão frutos, fez-me passar logo a neura!]

terça-feira, 23 de abril de 2019

A febre do youtube!

A minha filha - como grande parte das crianças que conheço - anda viciadona nos vídeos do Luccas Neto. Mea culpa. Às vezes o cansaço é tanto e a paciência tão pouca que lá lhe dou o tablet ou o telemóvel para a mão. Mais eu deixasse e mais ela via.
Só que esta febre tem consequências. E não é que agora a criatura me fala com expressões e sotaque brasileiro? Entre outras, sai-se com estas pérolas:

(a falar com o meu irmão): 'oh meu muleque!'
'ups, acho que fiz uma besteirinha!'
'vamos comer carne moída?'
'vamos fazer uma trolagem ao pai!'

Agora que penso nisto, vou só ali arranjar maneira de inverter a situação! Oh God!

terça-feira, 2 de abril de 2019

Não me morras, filho! #3

[Texto escrito a 26/11/2018]

Sabemos que, se tudo correr como previsto, o Rodriguinho nascerá a 12/12. E é a única certeza que temos!
O hospital tornou-se num local doloroso para se estar. E, ultimamente, as vozes que temos ouvido ecoam frases soltas:
'Gostava tanto de ter respostas para vos dar...'
'Este bebé é um kinder surpresa. Nós não fazemos a mínima ideia do que vamos encontrar...'
'Toda a gente, neste hospital, desde a obstetrícia à neurocirurgia, passando pela neonatologia e urgências, está a par do vosso caso...'
'Anda toda a gente aqui com este bebé nas palminhas das mãos...'
'A nossa maior angústia enquanto médicos é não saber com o que contamos...'
'Se for preciso fazer cirurgia especializada, não há nenhum hospital em Portugal que a faça...'

Durante todo este processo, só chorei uma vez. E foi quando, durante a ecografia e perante tanto silêncio, cheguei a pensar que o meu filho estava morto. E isso sim, era a única coisa verdadeiramente assustadora e irreversível. Depois de perceber que não, mais nada nos dava o direito de queixar!

sexta-feira, 22 de março de 2019

Não me morras, filho! #2

(Texto escrito a 13/11/2018)

Depois do diagnóstico incerto surgido na última ecografia, tinha uma ressonância magnética fetal agendada para uma semana depois. 7 dias de ansiedade e, chegados ao hospital, o que é que sucede? Deparamo-nos com a greve dos técnicos de diagnóstico. Mais 7 dias de apneia. Como se pede a um pai e a uma mãe para aguentar isto?
Duas semanas e meia depois, nova consulta para analisar o resultado da ressonância que, à partida corroboraria a teoria da existência de uma lesão cística cerebral!
Mas... afinal, havia uma reviravolta inesperada. Entrámos no consultório e a cara de incerteza da médica era assustadoramente desesperante. E, juntamente com uma enfermeira da neonatologia, avançam: 

'Temos muita coisa para vos dizer, mas nenhuma certeza, infelizmente! Estamos perante uma situação muito rara e tivemos de enviar o caso para Toronto - Canadá, para uma equipa médica de lá analisar. Após avaliação da ressonância, o neurologista acha - e continuamos no campo das especulações - que se trata de uma malformação venosa trombosada (algo similar a um aneurisma cerebral). Mas, nesta fase, é impossível o estabelecimento de qualquer prognóstico.'

E o chão volta a abrir-se diante de nós.

São agendadas ecografias e consultas semanais. Nova ressonância magnética, para uma avaliação mais próxima do parto. É decidido que terá, obrigatoriamente, que ser feita uma cesariana. E é destacada uma equipa médica especializada para estar presente no dia da cirurgia. 

Neste momento, entoa na nossa cabeça a frase: 'Desculpem, mas nós não temos respostas!'

Não faz mal. Porque eu tenho uma certeza: Este menino vai ser um lutador! Forte e determinado. Ainda não nasceu e eu já lhe sinto essa garra! Interage comigo em cada pontapé que me dá, com a força suficiente de quem mostra que não há nada que o limite!
Tenho tanto orgulho em ti, meu amor!