quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Pérolas soltas #15

[Carolina]: 'Mãe, está a chegar o Carnaval. Vou-me fatiar de quê?'
[Eu]: 'Vais quê filha? Fatiar? Diz-se mascarar, que vem de máscara. Ou disfarçar que vem de disfarce!'
[Carolina]: 'Oh... e porque é que não se pode dizer fatiar? Vem de fato!'

😅


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Mãe de dois!

Já aqui comentei que o maior receio do meu marido era não conseguir amar um segundo filho como se ama o primeiro! E eu nunca tinha sentido esse medo. Achei mesmo - porque acreditei no que me diziam - que ia ser um amor imediato! Desculpem-me a franqueza... mas não foi! Eu não sei se as mil e uma particularidades desta gravidez contribuíram para isso, mas a verdade é que não foi igual...
Foi um final de gravidez terrível, assombrada por um diagnóstico assustador. Depois foi um parto por cesariana, em que o meu filho me foi retirado para a neonatologia sem que eu o pudesse ver. Não sabia se estava bem, se era loiro ou moreno, gordo ou magro, alto ou baixo. Não tivemos oportunidade de nos sentirmos. Aquele contacto pele com pele, que me marcou para sempre no parto da Carolina. Essa emoção é indescritível. Só pude vê-lo quase 24h depois, porque engoli as dores e atravessei todas as portas - intermináveis - que ligam o internamento à ala da neonatologia! Aqueles fios todos assustavam tanto que tinha medo de pegar nele. Não queria mamar. Não sentia conforto no meu colo. Na noite seguinte tive uma descarga de adrenalina - combinada com hormonas descontroladas (que bela mistura explosiva!) - e chorei horas seguidas. O quarto estava vazio. Tinha acabado de ter um filho a quem tinha receio de me entregar como da primeira vez, porque tinha medo que ele morresse. [Ainda tenho. E um dia publico todos os textos que tenho guardados nos rascunhos sobre isto.] Sentia uma sensação muito estranha, como se ele não fosse tão meu, como senti da primeira vez. Tinha umas saudades da minha primeira filha que chegavam a doer no peito. Eu nunca estivera longe dela antes, nem um dia, nem uma noite inteira. Não por mim, que gostava que ela fosse mais desprendida. Mas por ela, que tem uma personalidade um bocadinho possessiva. E não estava a ajudar! Chorei a noite toda e disse ao meu marido, entre soluços incontroláveis, que estava a sentir a maior culpa da minha vida, porque não amava este filho da mesma maneira! E sentia um medo que nunca sentira antes: como é que eu ia dividir a atenção equitativamente? Como é que eu poderia não falhar, escolhendo um em detrimento do outro, nas tarefas do dia-a-dia? Como é que eu ia lidar com a culpa de 'obrigar' a minha filha a ter um irmão, se ela ainda era tão bebé e precisava de tanta atenção? 
Os dias foram passando, as hormonas foram ficando mais controladinhas - nunca a 100%, não abusem, sim? - mas o discernimento foi aumentando. Percebi, com o tempo, que não sendo um amor imediato, é um amor crescente, que agora se equipara ao que sentia pela irmã quando ela tinha a idade dele. Nunca será um amor comparativo. Gosto dela mais agora do que gostava há 3 anos atrás e tenho a certeza que gostarei dele da mesma forma crescente! 
Tenho a certeza absoluta de que, se voltasse atrás, faria exatamente o mesmo e que a melhor herança que podemos deixar aos nossos filhos são irmãos. 💓 Os dois juntos fazem-me ir do céu ao inferno em segundos! Morro de amor quando os vejo juntos e desespero quando resolvem chorar ao mesmo tempo. Mas, a seu tempo, o coração estica sim... para caberem, proporcionalmente, todos os amores da minha vida!