sexta-feira, 22 de março de 2019

Não me morras, filho! #2

(Texto escrito a 13/11/2018)

Depois do diagnóstico incerto surgido na última ecografia, tinha uma ressonância magnética fetal agendada para uma semana depois. 7 dias de ansiedade e, chegados ao hospital, o que é que sucede? Deparamo-nos com a greve dos técnicos de diagnóstico. Mais 7 dias de apneia. Como se pede a um pai e a uma mãe para aguentar isto?
Duas semanas e meia depois, nova consulta para analisar o resultado da ressonância que, à partida corroboraria a teoria da existência de uma lesão cística cerebral!
Mas... afinal, havia uma reviravolta inesperada. Entrámos no consultório e a cara de incerteza da médica era assustadoramente desesperante. E, juntamente com uma enfermeira da neonatologia, avançam: 

'Temos muita coisa para vos dizer, mas nenhuma certeza, infelizmente! Estamos perante uma situação muito rara e tivemos de enviar o caso para Toronto - Canadá, para uma equipa médica de lá analisar. Após avaliação da ressonância, o neurologista acha - e continuamos no campo das especulações - que se trata de uma malformação venosa trombosada (algo similar a um aneurisma cerebral). Mas, nesta fase, é impossível o estabelecimento de qualquer prognóstico.'

E o chão volta a abrir-se diante de nós.

São agendadas ecografias e consultas semanais. Nova ressonância magnética, para uma avaliação mais próxima do parto. É decidido que terá, obrigatoriamente, que ser feita uma cesariana. E é destacada uma equipa médica especializada para estar presente no dia da cirurgia. 

Neste momento, entoa na nossa cabeça a frase: 'Desculpem, mas nós não temos respostas!'

Não faz mal. Porque eu tenho uma certeza: Este menino vai ser um lutador! Forte e determinado. Ainda não nasceu e eu já lhe sinto essa garra! Interage comigo em cada pontapé que me dá, com a força suficiente de quem mostra que não há nada que o limite!
Tenho tanto orgulho em ti, meu amor! 

quinta-feira, 21 de março de 2019

Pérolas soltas #17

[Eu, no dia 18]: 'Filha, amanhã é o dia do pai!'
[Ela]: 'E quando é o dia do filho? 😕 É que no outro dia foi dia da mulher e eu sou mulher, mas o mano fica sem nenhum dia para ele!!!'

(Ás vezes esqueço-me que esta miúda só tem 3 anos!)

sexta-feira, 15 de março de 2019

Não me morras, filho! #1

[texto escrito a 25/10/2018 - depois de ter feito ecografia morfológica do 3º trimestre]

Sou uma pessoa, por norma, muito positiva! Nunca acredito que algo possa correr mal, sendo que, se por um lado, esta forma de estar me permite relaxar e aproveitar a vida; por outro, nunca dá espaço para que eu esteja preparada para o pior.

Mas há um dia... 
...em que vamos (eu e o pai da criança) todos entusiasmados fazer a ecografia do terceiro trimestre. Com uma gravidez super tranquila até então, as nossas conversas, pelo caminho, oscilam entre o desejo de ouvir o coraçãozinho e as minhas gargalhadas pela necessidade de tira-teimas por parte do pai de que seria mesmo um menino! Ninguém vai com receio a uma ecografia às 32 semanas, se tudo tiver estado bem até então!
Entro, deito-me na marquesa, começa a ecografia:
'Ora então, o vosso bebé está de cabeça para baixo...' E segue-se um silêncio incómodo. E movimentações anormais. A médica sai, vai chamar a colega que tinha feito a ecografia do 2º trimestre, comparam resultados... Liga para um médico neurologista...
O meu marido foi o primeiro a perceber que algo se passava (talvez por conseguir ver a cara delas): 'Está tudo bem?'
[Sem resposta. O silêncio continuava assustador-constrangedor]
Depois, comecei a sentir-me mal e perguntei eu: 'Diga-me que está tudo bem!' Senti-me a apagar.
Desta vez tivemos resposta, mas não a desejada: 'Não lhe posso dizer isso. Eu já falo com vocês!'
Tivemos a certeza. Algo não estava bem. E era grave. As lágrimas caiam-nos sem autorização e eu comecei a desfalecer. Mais correrias. Copos de água com açúcar e um aparelho que não conseguiu medir-me a tensão, de tão baixa que estava. Só apitava.
Estabilizaram, primeiro, o meu sistema nervoso. Depois, o diagnóstico:
'O vosso filho tem uma malformação (potencial tumor) numa zona assustadora do cérebro.'
Parte de nós morreu ali. Nunca ninguém nos prepara para isto. 
'Não vos consigo adiantar muito mais. É uma zona delicada, pela inacessibilidade. O quisto é pequeno. Isto são situações raríssimas. O espectro do que pode acontecer oscila entre o "nada" e o "tudo". E só teremos real percepção das implicações neurológicas ou motoras que isto poderá ter assim que o bebé nascer. Para já, vamos marcar duas ressonâncias magnéticas fetais com urgência, para conseguirmos resultados mais precisos.'
Uma hora depois de termos entrado no consultório, saímos. Em lágrimas, embrulhados um no outro, alheios aos olhares empáticos da quantidade de pessoas que se acumulou na sala de espera. 

Recuso-me a aceitar que algo de mau possa acontecer. Entreguei nas mãos de Deus e tenho a certeza que Ele não me falhará. Para já, tenho a firme convicção de que nada na vida acontece por acaso. Tinha de ser assim e haveremos de perceber porquê. 
Sei, apenas, meu filho, que ainda não nasceste e já és um guerreiro, já estás a dar luta! E, nesta batalha da vida, sairás, de certeza, vencedor! Amo-te tanto. Amamos-te tanto. Eu, o pai e a mana já não sabemos viver sem ti. Por isso, nunca nos morras, filho, por favor! 

[...]


quinta-feira, 14 de março de 2019

Pérolas soltas #16

[Carolina]: 'Mãe, o meu professor de ginástica tem cornos!'

[Eu]: 'Tem o quê? Cornos?'

[Carolina]: 'Sim!'

[Eu]: 'Cornos daqueles que os animais têm na cabeça???'

[Carolina]: 'Não!!! Daqueles que se põem no chão para saltarmos por cima!'

[Eu]: 'CONES filha, CONES!!!!'
😜😅

(O blog esteve em stand by porque o meu telemóvel e computador faleceram! Já ressuscitaram! O blog voltará à normalidade e, entre as pérolas da Carolina, publicarei os textos que fui escrevendo desde o momento em que descobrimos o problema do Rodrigo.)