sexta-feira, 26 de abril de 2019

Pérolas soltas #18

Tenho um livro, que estou a ler, em cima do sofá, com o marcador na respetiva página onde fiquei da última vez que peguei nele (ou melhor... tinha!).
Dona Carolina, pega nele, tira o marcador do sítio e folheia-o.
Quando dei conta, resmunguei, esperneei, gritei (que basicamente é o meu mood nos últimos tempos - tenho de fazer um retiro!).
Ela, com a maior calma do mundo: 'Mas oh mãe, não podes ser assim. Não podes ser invejosa. Se eu também quero ver o livro, tens de emprestar as coisas! Eu também empresto as minhas.' 

[Tentei contra-argumentar, mas a felicidade de perceber que os meus conselhos ('não sejas invejosa') dão frutos, fez-me passar logo a neura!]

terça-feira, 23 de abril de 2019

A febre do youtube!

A minha filha - como grande parte das crianças que conheço - anda viciadona nos vídeos do Luccas Neto. Mea culpa. Às vezes o cansaço é tanto e a paciência tão pouca que lá lhe dou o tablet ou o telemóvel para a mão. Mais eu deixasse e mais ela via.
Só que esta febre tem consequências. E não é que agora a criatura me fala com expressões e sotaque brasileiro? Entre outras, sai-se com estas pérolas:

(a falar com o meu irmão): 'oh meu muleque!'
'ups, acho que fiz uma besteirinha!'
'vamos comer carne moída?'
'vamos fazer uma trolagem ao pai!'

Agora que penso nisto, vou só ali arranjar maneira de inverter a situação! Oh God!

terça-feira, 2 de abril de 2019

Não me morras, filho! #3

[Texto escrito a 26/11/2018]

Sabemos que, se tudo correr como previsto, o Rodriguinho nascerá a 12/12. E é a única certeza que temos!
O hospital tornou-se num local doloroso para se estar. E, ultimamente, as vozes que temos ouvido ecoam frases soltas:
'Gostava tanto de ter respostas para vos dar...'
'Este bebé é um kinder surpresa. Nós não fazemos a mínima ideia do que vamos encontrar...'
'Toda a gente, neste hospital, desde a obstetrícia à neurocirurgia, passando pela neonatologia e urgências, está a par do vosso caso...'
'Anda toda a gente aqui com este bebé nas palminhas das mãos...'
'A nossa maior angústia enquanto médicos é não saber com o que contamos...'
'Se for preciso fazer cirurgia especializada, não há nenhum hospital em Portugal que a faça...'

Durante todo este processo, só chorei uma vez. E foi quando, durante a ecografia e perante tanto silêncio, cheguei a pensar que o meu filho estava morto. E isso sim, era a única coisa verdadeiramente assustadora e irreversível. Depois de perceber que não, mais nada nos dava o direito de queixar!