terça-feira, 2 de abril de 2019

Não me morras, filho! #3

[Texto escrito a 26/11/2018]

Sabemos que, se tudo correr como previsto, o Rodriguinho nascerá a 12/12. E é a única certeza que temos!
O hospital tornou-se num local doloroso para se estar. E, ultimamente, as vozes que temos ouvido ecoam frases soltas:
'Gostava tanto de ter respostas para vos dar...'
'Este bebé é um kinder surpresa. Nós não fazemos a mínima ideia do que vamos encontrar...'
'Toda a gente, neste hospital, desde a obstetrícia à neurocirurgia, passando pela neonatologia e urgências, está a par do vosso caso...'
'Anda toda a gente aqui com este bebé nas palminhas das mãos...'
'A nossa maior angústia enquanto médicos é não saber com o que contamos...'
'Se for preciso fazer cirurgia especializada, não há nenhum hospital em Portugal que a faça...'

Durante todo este processo, só chorei uma vez. E foi quando, durante a ecografia e perante tanto silêncio, cheguei a pensar que o meu filho estava morto. E isso sim, era a única coisa verdadeiramente assustadora e irreversível. Depois de perceber que não, mais nada nos dava o direito de queixar!

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