sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Sobre o Natal...

Isto anda paradinho há mais tempo do que desejaria, por razões várias. Mas voltemos ao ritmo. Até porque, ano novo, vida igual, se nada em nós mudar! 😅😀

Nunca tive uma relação pacífica com esta época do ano. Mas, desta vez, tinha já em mente um post (que já devia ter saído há alguns dias) sobre a mudança gradual de sentimentos em relação ao Natal, desde que a minha filha nasceu. E este ano vivi o Natal. Montámos a árvore de natal com outro entusiasmo, vimo-la vibrar com as luzinhas e a querer roubar os chocolates. Fomos ao Circo duas vezes. Assistimos ao teatro musical 'O Livro Mágico'. Vibrámos com a abertura dos presentes. E eu fui criança outra vez. E agradeço à minha filha por me ter ajudado a fazer as pazes com o Natal.

Mas, depois... a vida é uma grandessíssima cabra, às vezes. E a lei da compensação é tramada, para o bem e para o mal. E, no dia a seguir, levámos com uma morte inesperada em cima. De alguém querido. Que não sendo minha familiar direta, é como se fosse (porque os dele são meus também!) E lá se vai parte da magia do Natal.

Como diz a minha filha quando não arranja solução para as coisas: 'Paxiênxia. É a bida'!
E a vida é um sopro. No caminho só temos de tentar ser sempre felizes. 💖

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

A relação conturbada pai-filha!

De manhã, pai e filha andam sempre às turras! Ou porque ela faz barulho e ele quer dormir... Ou porque ele quer um beijo dela e ela não quer dar... Ou porque ele insiste em abraçá-la e ela se arma em independente...
Hoje de manhã, ele levantou-se primeiro. Quando ela acordou, ele ignorou-a e encheu-me a mim de beijos e abraços. A ciumenta, como de costume, fez beicinho e disse, ternurenta: 'Eu quéle beixinhos'!
Ele, ainda a fazer-se de forte: 'Estás a ver princesa o que é que o pai sente quando tu também não dás beijinhos?'


Pazes feitas. Abraços. Beijos. Mel, muito mel.

Educar pelo exemplo. 
[Aposto que amanhã voltamos à rotina de todos os dias. Ahahah 😂😅😝]

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O Mundo da Carolina #14

Eu, despida, a tomar banho e ela a fazer-me companhia na casa-de-banho, como de costume, porque nem aí consigo estar relaxadinha. De repente, põe o seu ar de espanto e exclama:

'Ah, olha a parrachita da mãe!' [nome que carinhosamente dá ao orgão genital feminino! 🙈😅]

(Eu): 'Sim, é igual à tua!'

(Ela): 'Nhão, nhão. A tua é pêta e a minha é banca!'

[E é assim que uma criança de 2 anos te informa de que tens de tratar da depilação] 😱😅

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Desejos natalícios

Blog que se preze tem, nesta altura do ano, uma lista de sugestões/desejos natalícios. Mesmo que não tenha nada a ver com maternidade! Até porque eu existo e sou pessoa que gosta de receber presentes! 😁😋

Vai daí, 3 coisinhas que podiam vir morar cá para casa (por ordem de preferência!!!):
(Oubiste Pai Natal?)







segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Carolina, a ter premonições desde... 2017

'Mãe, tenho 'michão' [comichão] debaixo do pé!'
[inspeciono e desvalorizo]: 'É só uma borbulha. Calça as sapatilhas que isso já passa quando começares a andar.'
[Visivelmente enervada]: 'NUM PAXA NADA! VOU TÊLE FEBRE!'
😓 😷

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O Mundo do pai da Carolina #3

Ultimamente, dou por mim a berrar demasiado, a julgar demasiado, a criticar demasiado, a castigar demasiado, apressada em demasia... e pus a mão na consciência! [Há fases em que questionamos se a temos - a consciência!]
Desta feita, resolvi apostar nas leituras e testemunhos sobre a parentalidade positiva, seja lá isso o que for. O certo é que quero tornar-me uma mãe mais relaxada, mais atenta, menos nervosa, com mais tempo de qualidade para a minha filha. E precisava de estimulos, de dicas, de exemplos. Tem-me sido útil essa aprendizagem - acredite-se ou não nesta 'história' da parentalidade positiva. O certo é que tem resultado - pelo menos enquanto houver paciência!
Ora bem, e o que é que isto tem a ver com o pai da criança? Pois que, se eu ando mais nervosa e irritadiça do que o normal, ele anda I-N-S-U-P-O-R-T-Á-V-E-L [podem começar com as piadinhas de que isso é falta de sexo, que eu acho que é só fruto de variadíssimas circunstâncias que não vêm ao caso e, pior do que isso, a irritabilidade pega-se, tipo epidemia!]
No meio disto tudo, a única pessoa que sofre é a pipoquinha mais nova que não tem culpa nenhuma dos efeitos colaterais da sociedade louca em que vivemos e que não pediu para vir a este mundo. O que é que eu faço, então, para tentar minimizar os danos? Tendo em conta que o que tenho lido me tem feito muito bem, mando um link (este, mais propriamente: http://mumstheboss.blogspot.pt/2016/04/a-palmada-e-o-castigo-sao-lei-do-menor.html) ao pai da criança, na esperança de que também lhe fosse útil e que, com algum sentido crítico, pudesse ajustar alguns comportamentos. 
Esqueci-me, porém, que há seres que não têm noção de 'meio-termo'; ou é 'oito' ou 'oitenta'. Vai daí, chego a casa, ao fim do dia, e dou com a rapariga toda riscada de caneta, qual árvore de natal enfeitada. E, estupefacta, pergunto-lhe: 'O teu pai viu o que fizeste?' Ela, feliz da vida, mas igualmente admirada, responde: 'Xim, mãe!' Olho para ele de soslaio, desconfiada e ouço, com o som mais zen do mundo: 'Eu agora deixo-a fazer tudo. Não me enviaste um texto a insinuar que ela não podia ser contrariada? Que ela só quer atenção?' [...] 'Anda, filha, vamos comer chocolate, como queres!'

Pai, permuta-se! Interessados contactem-me!

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Palavras que podiam tão bem ser minhas! #6


Uau! Que texto tão bom! Leiam até ao fim, sem pressas e saboreando cada sábia palavra!
Caso não tenham tempo ou paciência, ficam aqui alguns trechos:


"Quer dizer então que existem mesmo amores para toda a vida?

Sim, existem. Embora sejam raríssimos porque as pessoas, muitas vezes, desmazelam as relações amorosas e aquilo transforma-se com alguma facilidade numa relação fraterna, o que não é a mesma coisa. Em todo o caso, há ligações absolutamente mágicas. Relações nas quais os casais, em vez de envelhecerem para o amor, renascem permanentemente alimentados por ele.

É fundamental educar para os afetos?
Precisamos de falar do amor e, sobretudo nas escolas, é vital explicar que nenhum amor dura para sempre se não for bem cuidado. Que mais importante do que casar é namorar, porque quando namoramos já casamos um bocadinho.

Também é por amor que tendemos a insistir até à última em relações condenadas?

Não, muitas vezes é por vaidade: como vou assumir um falhanço? Ou por medo: entre estar mal acompanhado ou sozinho, prefiro a companhia, mesmo que ela me adormeça para a vida. É como se o outro nos fosse convertendo na sombra do que somos e não no que somos, de facto – o contrário de termos alguém que se propõe conhecer-nos. E isso é muito inquietante porque, de repente, vamos perdendo em suaves prestações o respeito por nós. Acumulamos essa bruma e desistimos de quem somos, das nossas convicções, até morrermos para a vida. O que, volto a dizer, é diferente de morrer de amor.

Quando começa um divórcio?

Quando não namoramos todos os dias. É facílimo divorciarmo-nos: basta termos muitos compromissos profissionais, muitas preocupações a esse nível, até filhos. Ao contrário do que eles e nós quereríamos, são os filhos quem melhor divorcia os pais, porque depois passamos a vida a tapar a cabeça e a destapar os pés, sempre a correr atrás do prejuízo. Temos a ideia de que existem relações seguras, em relação às quais podemos descontrair, e sem dar conta chegamos ao patamar em que falamos numa linguagem encriptada.

Nós ficamos sossegados, a achar que dissemos o que estávamos a sentir…

… Mas nem paramos cinco minutos para perceber se o outro entendeu o que queríamos dizer. Depois chega uma altura em que um amigo nos pergunta porque não dissemos o que sentíamos e nós desabafamos: «Porque não estou para me chatear.» Começamos a divorciar-nos quando já não estamos para nos chatear. Quando chegamos à célebre frase que já todos dissemos e todos escutámos: «Não lhe disse porque não vale a pena. Ele não ia perceber.»

Em que é que o amor de mãe difere de todos os outros amores?

É mágico. Imagine uma mulher no limite da exaustão, cheia de preocupações, com uma atividade profissional que valha-nos Deus e uma família de origem em que a mãe e a sogra disputam entre si para ver quem sabe mais de bebés, em vez de darem colo à mãe – ninguém dá colo às mães. Se alguém soprar, aquela mãe escangalha-se. E então o seu filho chora, sorri, aninha-se-lhe nos braços, e toda ela se ilumina. É amor de mãe. Mas atenção: há amores maduros que podem ser muito parecidos com isto, daí serem tão raros. E tão absolutamente arrepiantes quando acontecem.


Amar dá muito trabalho, exige tempo, dói. Porém, acho que pecamos sobretudo por não conseguirmos fechar os olhos nos braços da outra pessoa, como faz um bebé no colo da mãe. Nunca vamos amar enquanto não formos capazes de fechar os olhos nos braços de alguém, porque isso é outra forma de dizermos «Sente. Olha para mim, sente-me em ti, pensa por nós.» E não há nada que valha mais a pena."


Leiam tudo, que vale cada minutinho!




quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Carolina, a arrebatar corações desde...2015!

Criámos um hábito. Sempre que a deito, digo-lhe 'Amo-te muito!' É o nosso código de amor antes de adormecer. Religiosamente. Estes dias, entre dar-lhe água, cobri-la, ter uma conversa qualquer e a pressa do jantar... esqueci-me! Estava prestes a sair da porta, quando uma voz doce me alerta: 'Mãenhe, mãenhe... amo-to munto!' 💖

Ontem bati-lhe. Sim, eu não sou a mãe perfeita que queria ser. Há dias em que ela parece fazer de propósito para me levar ao limite. E é sarcástica a rapariga. Nos gestos. E provocadora. E há dias em que não há tempo, não há paciência. Em que os gritos não resolvem e o diálogo sereno muito menos. Há dias em que não falamos a mesma língua. Em que estamos em sintonias diferentes. E, por muito que me tenha arrependido no segundo seguinte, bati-lhe. E já não foi a primeira vez! Arrependo-me quando as palmadas são fruto de nervosismos e pressas e stresses impostos pela sociedade em que vivemos. E as nossas crianças não têm culpa disso... Mas adiante. Já no quarto, mais calmas as duas, enquanto se preparava para se deitar, temos o seguinte diálogo:
Eu: 'Oh filha, havia necessidade de a mãe te ter batido?'
Ela: 'Xim, puque a menina potou mal. Num comia a maxa, nem a cane. E assim a mãe tem de batêle.'
Eu [já de lágrima no olho]: 'Mas a mãe também se enervou um bocadinho. Se tivessemos conversado e se tivesses dito porque não querias comer, em vez de fazer aqueles disparates todos (cuspir a comida, amassar com as mãos, revirar os olhos, cerrar os lábios,...), a mãe não se irritava e não te batia. Prometemos uma à outra que não volta a acontecer?'
Ela [sempre séria, atenta e sem desmanchar]: 'Xim.' [Faz-me festas na cara e enche os olhos de brilho]: 'Mamãxinha, tão linda. Amo-to munto!' 💖💖

Oh pah, pronto, desabei. Esta miúda derrete-me. Sim, afinal não me enerva, adoça-me! Obrigada e desculpa, minha amorinha!

terça-feira, 7 de novembro de 2017

O Mundo da Carolina #13

Há duas semanas que é todo um drama matinal para dar o pequeno-almoço à peste! 1h é o tempo que demora para o tomar. Tentámos leite simples, cereais, chocolate, iogurtes,... e, ontem, quase em desespero de causa, o pai foi-lhe comprar Nestum Mel (passe a publicidade!). Toda entusiasmada, andou a dizer a toda a gente que o pai lhe comprou 'atum' 😅😂😂😂😆😆🙈 e hoje de manhã lá foi para a cozinha, sem grandes dramas, tomar o leite. Chega, olha com ar de enojada para a chávena e contesta: 'Tem chinoura [cenoura!]. O leite tem chinoura e a menina num quéle chinoura!' Num qué leite, tá munto dôxe!'

[A cenoura eram os bocadinhos de nestum, entenda-se. Com jeitinho e muitaaaaaaaa paciência lá acabou por correr bem hoje! Amanhã há mais!!!]

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Socorro, a minha filha transformou-se num alien...

... e eu não estou a saber lidar com isso.
Eu, que pensei que tinha uma anjinha em casa, afinal tenho uma diabinha. E os terrible two ainda agora começaram...

- Ela esperneia, grita, chora e berra porque quer 'uvas pretas' e só lhe damos das brancas! E lá vão as uvas pelo ar!
- Ela é do contra e teima que 'não faz xixi, porque não tem vontade e tem de ser a menina a pedir'. E 5m depois faz pelas pernas abaixo (aconteceu uma vez, por nítida teimosia, disse-me a auxiliar da creche!).
- Ela não quer adormecer, porque 'num tem xono e quéle faxer xixi no pote', pela centésima vez. [E o mais incrível é que chega mesmo a fazer 5x no espaço de uma hora. Ou chega a apertar durante 5h seguidas, só porque teima que não tem vontade! E não adianta, que a dondoca é de ideias fixas!]
- Ela demora 1h a tomar meia chávena de leite de manhã.
- Ela só quer colo, porque tem médo [de tudo, seja da música, do pai, do cão, da chuva, do periquito...]
- Ela não come bem. Cerra os lábios e faz-se de morta. Não entra nada! 'A xopa tá quente. A massa tá suja. Não quélo carne, quélo salsichas'...
- Ela grita e esperneia quando se sente frustrada por não conseguir fazer algo, ou quando acontece algum imprevisto [seja por não conseguir calçar um sapato ou porque partiu uma unha - sim, isto da unha é verídico!]
- Ela enerva-se, descontroladamente, porque quando se mexe as calças sobem e fica um milímetro de perna ao léu entre o fim das calças e o início das meias.

Eu, que me imaginei uma pessoa calma e pacífica, dou por mim aos berros, a bufar, a transpirar, a ralhar e dois segundos depois a apaziguar, porque a primeira estratégia não resultou... E chego ao trabalho, às 9 da manhã, com a sensação de que já trabalhei 12h. E deito-me à noite a parecer que fui albarroada por um camião TIR.
A sério que isto pode durar até aos 5 anos?!? S-O-C-O-R-R-O [a minha paciência não aguenta!] 🙏😓

terça-feira, 31 de outubro de 2017

O desfralde!

Nota prévia: este post vai falar, inevitavelmente, de xixi e cocó. Não há outra forma de o fazer! 🙈

Para grande alegria do paizinho, começou finalmente o desfralde! Yupiiiiii. Estes dias diz-me uma auxiliar: 'Agora parece-me bem, já há um ano atrás, como o pai queria, parecia-me um bocadinho precoce!!!' 😂😅😀😁 [faz-me passar cada vergonha aquela criatura!]

Tinha ouvido histórias aterradoras sobre o processo de desfralde, temi o pior e fui adiando... até que, no México, percebemos que ela dava sinais de que estava na altura. Pedia para fazer xixi, fez pela primeira vez na sanita, 'controlava' bem o xixi e mostrava-se extremamente incomodava se, por alguma razão, fazia na fralda. Esperamos mais uma semana, porque tínhamos reunião na semana passada na creche e constatamos junto da educadora que ela partilhava da mesma opinião e que tinha chegado o timing, respeitando o ritmo da criança. Decidimos que a partir do fim-de-semana passado lhe retiraríamos a fralda. Tracei vários cenários mentais, munimo-nos de protetores de cama, sofás, cadeira do carro,... e só não protegemos tapetes, porque não os temos! E o processo tem sido... o mais pacífico da história da humanidade. Xixi e cocó no pote ou na sanita, estejamos onde estivermos, sem problema nenhum. Pede e não é preciso lembrar. Zero acidentes. De noite também não faz. 

[A esta hora está o paizinho a achar que tem mesmo uma filha sobredotada! Ahah. Não, meu amor, o segredo é respeitar o ritmo dela e não querer o desfralde aos 6 meses!!!]

Imagem retirado do google



terça-feira, 24 de outubro de 2017

Voltamos!

Pois é, estamos de volta... e de regresso ao trabalho! Assim, logo de seguidinha que é para nem ganhar preguiça! 😀😂😜

Logo que consiga, conto tudo destes dias no México que foram M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O-S (tendo em conta que o 'logo que consiga' implica lavar e passar uma pilha de roupa, passar as fotos para o PC, tratar de uma pirralha de 2 anos, arrumar a casa,... isto tudo, ao fim de um dia de trabalho!)

A melhor da Carolina, ontem, já deitada na cama, pronta a dormir:
'Qélo ir imbora!'
Eu: 'oh filha, estás em casa! Queres ir embora para onde?'
'Pró México!'

[Também eu!!!]😭

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O Mundo da Carolina #12

Contextualização: a Carolina tem uma 'semi-obsessão' pela chupeta. Mas sabe que só a pode usar para dormir, porque ainda lhe faz muita falta esse conforto. Negociamos isso com ela e tem sido (quase) pacífico! 

Ontem, 1:30 depois de se ter deitado, chama por mim. Chego e encontro-a de pé e diz-me, com o ar mais calmo do mundo:
'Toma mãe a minha pêpê [chupeta]. A menina num pexija [precisa]'.
Eu: 'Uiii... estou admirada! Vais dormir sem pêpê?'
Ela: 'Não, não vou é dormir!'

😅😆😆😆
Isto está bonito! Que treta!

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

O Mundo da Carolina #11

Sento-me e ela começa a tentar despir-me.
Ralho.
Ela olha para mim com o ar mais ternurento do mundo e diz-me:
'Oh mãe, podes pôr um bebé na tua baguiga como a Xofia?'

💖

terça-feira, 3 de outubro de 2017

O Mundo da Carolina #10

Eu, num momento de carência:

- Oh filha, a mãe ama-te tanto... E tu, gostas da mãe?
- Xim!
- Quanto é que gostas da mãe?
- Dóis.
- Dois? Só dois?!? Dois é tão pouquinho!
- Há dois anos! Goto da mãe dois anos!
😅😀😍

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

As figurinhas que ela me obriga a fazer!

À noite, antes de se deitar, dizia sempre:
'Vamo cantar a múxica da póquinha!'
E, enquanto saltava em cima da cama freneticamente, dizia algo que me soava, sem grande sombra para dúvidas, a qualquer coisa do género: 'A póquinha estava na panela!...'
Ainda repeti várias vezes para garantir que ela dizia que a porquinha estava na panela, ela assegurava que sim, que a Isabel lhe tinha ensinado.
Ok. Chego à creche e, muito convicta, questiono:
'Oh Isabel, que música sinistra é que você lhe ensinou de uma porquinha que vai para a panela?!?'

Isabel: 'O quê?!? Uma porquinha?!? Oh mãe, venha cá, está aqui afixada a letra e, de facto, é a música desta semana! Leia que eu já lhe ensino o ritmo!'

Comecei a ler e escangalhei-me a rir. A música é: 'Uma pipoca saltava na panela!...' 😀😅😆😝

Ok. Lição nº 1579: Enquanto os teus filhos não falarem explicitamente, não tires ilações erradas e muito menos confrontes as outras pessoas com base em suposições!

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Tal pai... tal avó!!!

O excelentíssimo, durante muito tempo, tinha por hábito dizer recorrentemente, acerca da filha: 'Sai mesmo ao paizinho! É mesmo linda como eu! É igualzinha a mim...'
Com o tempo, percebi que não era nada pessoal e ganhava alguns contornos de hereditariedade. 😅😆😁 Ora vejamos:

Cenário 1:
- Carolina, conta até 10. [A miúda conta e esquece-se do '6'].
Avó: 'Sai mesmo à avó! Esqueceu-se do 6, atrapalha-se toda, é mesmo taralhoca como eu!'

Cenário 2:
- Carolina, come devagar e mastiga bem. Vais-te engasgar.
Avó: 'Carago, não tem calma nenhuma, é mesmo igualzinha a mim. Também não mastigo a comida!'

Cenário 3:
Carolina faz uma birra descomunal.
Avó: 'Coitadinha da menina, tem uma personalidade mesmo forte. Quando lhe dá a veneta é mesmo como a avó, vai tudo à frente!'

Cenário 4:
Carolina serve-se sozinha. Quando está à mesa e lhe apetece água ou pão, pega sem pedir ajuda.
Avó: 'É assim mesmo, desenrascada como o avô. Ao menos nisso que saias a ele!'

Ainda bem que há registos de que fui eu que a pari! Ahahah 😀😂😆😜🙈

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

O Mundo da Carolina #9

1. Gosta muito de 'bacalinhos'.
2. Quer andar de 'bacalitas'.
3. Sabe dar 'bacalhotas'.

[Que para quem não entendeu são cavalinhos, cavalitas e cambalhotas! Óbvio! 😅😃😃😆]

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O Mundo da Carolina #8

Estes dias, enquanto jantávamos, o pai, com a pressa de ver o F.C.Porto, deixou metade da comida no prato. 
No dia seguinte, ao pequeno-almoço:
Carolina: 'Mãe, as bochachas são dulas!'
Eu: 'São duras? Dá ao pai então!'
Carolina [depois do pai ter comido a bolacha]: 'O pai é malando. A comê-le bochachas e ontem num comeu o rôz todo!'

Lição de moral: Para educar, dá o exemplo!

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O Mundo da Carolina #7

Primeiro elogio aos meus dotes culinários:

- 'Mãe, o 'rôz' [arroz] tá munto bom. A mãe xabe! Bigada'

Daqui a uns anos atira-me à cara que não há comida melhor que a das avós. 😅 Mas, para já, está ótimo assim! Fico contente que percebas que os esforços merecem ser valorizados! 💖

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

2 anos de ti (de nós!)...

E assim, de repente, chegaste aos 2 anos. No Sábado.
Nasceste no dia da grávida e isso só poderia ser, desde logo, um bom pronúncio! Haveria de haver uma boa razão para eu estar, há 2 anos atrás, 3 dias em trabalho de parto! Nessa altura, quando às 9:31 tu choraste pela primeira vez, eu não imaginava sequer as proporções que este amor poderia tomar. Ali, num misto de apatia e felicidade, tolhida pelas dores, pelo cansaço, pelo medo e pela emoção, eu não sabia mesmo a diferença que farias na minha vida. Horas antes, cansada de maldades médicas, de ansiedades, de contrações, de falta de dilatação, cheguei a desejar nunca ter querido ter-te. Que anormal! A vida sabe o que faz. Se fosse fácil, nunca daríamos o mesmo valor.
Este mês, no marco dos dois anos, não vou sequer debruçar-me sobre as tuas façanhas e os teus defeitos. Vou centrar-me, apenas, no facto de seres muito mais do que aquilo que te sonhei!
Há dois anos, no dia 09/09/2015, às 9:31, não foi o dia mais feliz da minha vida. Nem sequer tinha discernimento necessário para afirmar isso. Cada dia, desde então, em que acordas com saúde, um beijo e um sorriso, é o mais feliz da minha vida.
Parabéns minha amorinha. Amo-te mais que muito. 💝


sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O Mundo da Carolina #6

Conversas matinais.

Eu: 'Quem é que faz anos amanhã??'
Ela: 'Eu. Dois.'
Eu: 'Boa, filha! Vamos comprar um bolinho...'
Ela: 'E xupale as velas...' [notem que ela disse 'soprar'. Que eu não ando a ensinar a criancinha a chupar velas!]
Eu: 'E, se calhar, vais ter algumas prendas!'
Ela (com ar de espanto): 'É Natal?'
Eu (admirada com a questão): 'Natal?!? Porquê filha?'
Ela (muito convicta): 'A menina vai tê-le pendas...'
Eu: 'Ahhhhhh. Oh filha, mas não tens prendas só no Natal! Quando as pessoas fazem anos também costumam receber presentes!'
Ela: 'Ahhhh. Anos é como o Natal!'

[E pronto, achei melhor dar o assunto por encerrado. Um dia explico-te melhor. Mas é quase isso!!!]

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Então, e esse (re)começo na creche?

Esperei 4 dias para ver como corria... porque os primeiros dias foram maravilhosos (como sempre, aliás) e eu até tinha medo de agoirar!
Hoje ficaste a chorar e o meu coração veio um bocadinho apertadinho. Porque não é normal. Porque foi a primeira vez que aconteceu, em dois anos. E, por isso, é a altura ideal de falar sobre todos os outros dias. Sobre o sossego que é deixar-te lá sempre. Sem dramas. Sem choros. Sem birras, nem contrariedades. Com vontade. Com sorrisos. Com saudades. Com abraços. Com brincadeiras. Sem ansiedades. Sem medos. Com os corações leves. O teu e o nosso. 
Hoje foi só uma exceção. Um dia de maior carência, de mais mimo, de resistência. Até nós, adultos, temos dias assim! Tenho a certeza que já passou e a esta hora estás a moer a cabeça ao 'Manhele'. 😃 Estás a divertir-te e esta certeza de que estás bem e de que é muito fácil para ti gostares da 'cola' sossega-me novamente o coração!
Brinca muito, abraça, ri, beija, trabalha, come, dorme e palra! Logo, à hora do costume, estará lá um de nós (o pai ou a mãe) para te estrafegar de mimos. A vida é mesmo assim. Tornar-te-ás cada vez mais autónoma e perceberás que nem sempre estaremos lá para te aparar as quedas. Mas, sempre que precisares, não te laragaremos a mão. 💝



quarta-feira, 6 de setembro de 2017

O Mundo da Carolina #5

- 'Carolina, vamos embora. Podes sair e chamar o elevador'.
Ela, chega ao corredor, e chama: E-L-E-V-A-D-O-RRRRR!

Um dia vais perceber, meu amor, que a língua portuguesa é um bocadinho traiçoeira!
😅😆😄😄

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

O Mundo do pai da Carolina #2

Hoje de manhã, enquanto fomos as duas à padaria, passa por nós uma auxiliar da creche e diz: 
'Olha a Carolina. 2ªf já vais para a escolinha, não é, meu amor?'
Responde a pimpolha, toda entusiasmada: 'Xim, vê-le o Manel!'

[Chegamos a casa e contámos ao pai]
'É isto que me dói. Anda um pai a criar uma filha para ouvir estas coisas!'

É a vida, meu querido. E esta ainda é a melhor parte! Prepara o teu coração!

terça-feira, 29 de agosto de 2017

O Mundo da Carolina #4

Todos passamos por fases em que o rol de acontecimentos indesejados nos faz acreditar que não pode piorar. E claro que pode! A tendência é olhar sempre para o menos bom e pensamentos negativos atraem coisas negativas. Além disso, o melodrama corre-me no sangue! 😅

Mas, no meio do caos, acontecem coisas magníficas para nos lembrar que, afinal, está tudo bem!

Ela [cobre-me as bochechas com as mãozinhas mais delicadas do mundo, olha-me nos olhos e depois de um silêncio, sussurra com a voz mais meiga do universo]: 'Mãe, és tão bonita!'
Eu [incrédula com o que tinha acabado de ouvir]: 'O quê filha?!? A mãe é bonita?'
Ela [com um ar decidido]: 'Xim, és munto bonita!'
Eu: 'Obrigada meu amor. Tu também és muito linda!'
Ela [vaidosa, mas a fingir-se indiferente]: 'Bigada mãe!' 

Eu falei em fases más?!? Ou em momentos perfeitos? 💝

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Conta-me Hi(E)stórias #5

💗
Um dia, sentaram-se, no sofá, lado a lado e não tinham assunto.
[Foi só um dia de trabalho cansativo em que estamos exaustos].
No dia seguinte, em que mal se viram, ela deitou-se e adormeceu. Ele ficou em silêncio, noutra divisão, a fazer zapping na TV e a rever, pela enésima vez, as novidades das redes sociais.
[Oh, é só uma fase menos boa, com preocupações acrescidas e decisões importantes a tomar].

E assim se passaram anos, volvidos nestas desculpas e justificações. Perdidos na correria do dia-a-dia e no vazio do silêncio que ficava quando os filhos dormiam. Os filhos... que eram, agora, a única fonte de vida. Como se, enquanto casal, tivessem deixado de existir. Como se fosse tudo dado como adquirido. Como se não houvesse necessidade de contrariar o que acabaria por ser inevitável. Como se tivessem de se conformar, porque 'acontece a todos'! 

Não, não acontece. Só a quem permite. A quem não se importa. A quem não quer. Porque quando não se quer, arranjam-se desculpas; quando se quer muito, arranja-se maneira!

Durante muito tempo, a velha frase 'ah e tal que um filho muda tudo' ecoava, vinda de bocas distintas. Efetivamente, fazia-lhe alguma confusão a percentagem de divórcios depois dos filhos. Mas, a verdade é que isso só acontecia aos outros! Não perceberam, portanto, o malabarismo inerente à árdua tarefa de fazer um relacionamento saudável sobreviver à reviravolta que as suas vidas levaria.

As mudanças bruscas de rotinas, a falta de tempo, o cansaço, as hormonas, os silêncios em que cada um mergulhou, a falta de diálogo, as discórdias, a falta de paciência... estavam a começar a deixar marcas irreversíveis. Das mãos dadas, dos sorrisos fáceis e apaixonados, dos jantares a dois, das férias... havia só memória. Quando eram necessários planos. Que ficavam sempre para segundo plano!
Os anos foram passando e eles tinham-se esquecido do caminho que tinham percorrido até ali. Das técnicas de conquista, das maluquices feitas no auge de uma paixão arrebatadora, dos elogios, dos afetos... isentos de um papel de 'pai' e 'mãe'. Eram dois estranhos, agora. Emboídos em ataques, críticas, comparações, queixumes. 

Um dia, resolveram refletir sobre esta estranhesa que se havia instaurado nesta relação. Perceberam que:
- há muito que não se elogiavam mutuamente. Havia críticas permanentes, causadas sobretudo por discórdias relativas à forma de educar os filhos. Pela falta de trabalho em equipa. Pela falta de espírito de sacrifício para as alterações que são precisas fazer. 
- falta de diálogo. As reações eram 'a quente'. Em vez de falar e trocar opiniões, discutiam. Mediam forças, para ver quem 'levava a taça'. Apontavam dedos.
- Ciúme. Ele, por não saber lidar muito bem com esta nova versão da sua esposa enquanto mãe e porque, nos primeiros tempos, esta tinha, quase inevitavelmente, uma relação muito mais próxima com os filhos e ele ficara sem saber qual a sua posição. Ela, porque sentia que precisava, mais que nunca, de ser elogiada, valorizada e considerada a melhor mãe do mundo. O orgulho que os homens têm pelas mães e que o demonstram, tem de ser canalisado também para a esposa, sobretudo depois desta ser mãe.
- Falta de tempo. Para cada um individualmente e para os dois. A mulher é, infelizmente, muito mais penalizada a este nível, no que respeita ao tempo para si mesma. E é normal que sinta muito mais necessidade de sair das rotinas do dia-a-dia. Ele nunca refletira sobre isso. E, enquanto casal, perderam-se. Deixaram de atribuir importância aos desejos um do outro. O mau-humor, gerado muitas vezes por noites mal dormidas, acabava inevitavelmente em discussões. Esqueceram-se de cuidar emocionalmente um do outro. 

Tudo junto, gerara uma série de conflitos interiores que criaram uma barreira que os impedia de olhar da mesma maneira um para o outro. É difícil engolir sapos, ignorar o orgulho, relativizar reações. Sobretudo se for unilateral. Esqueceram-se que quem ama, cuida. Quem gosta, fica. Quem quer, luta. Quem se importa, demonstra. E percebe quando o outro não está feliz.

No dia seguinte, voltaram a sentar-se no sofá, lado a lado, olharam-se e questionaram: 'Ainda me amas?'
Não respondam. Mostrem. Provem. As palavras não são suficientes. 💗

terça-feira, 22 de agosto de 2017

O Mundo da Carolina #3

Eu: Carolina, ajuda a mãe que já estamos atrasadas. Enfia aqui a manga da camisola.
Ela [com pronúncia do norte e o ar mais indignado do mundo]: oh mãe, eu xou pacanina!

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O Mundo do pai da Carolina #1

Pois que o senhor meu marido, que por acaso também é pai da Carolina, ontem de manhã teve de ficar em casa sozinho com ela. Dei-lhe o pequeno-almoço (à minha filha, entenda-se!) e deixei o almoço preparado e a roupa pronta caso quisessem sair.
Chego a casa à hora de almoço e ele começa a contar-me como correu a manhã, muito orgulhoso do facto de ela se ter portado muito bem e terem estado tranquilos e felizes.
Ele: Fomos passear.
Eu: Ah, sim? Vestiste-lhe a roupinha sem stress?
Ele: Oh pah, eu olhei para ela, pareceu-me bem, tão fresquinha,... levei-a assim...
Eu [incrédula]: Tu levaste a miúda à rua de PIJAMA??? 
Ele [com uma naturalidade irritante]: Sim, ia tão bem... tão fresquinha. Aquilo nem se notava que era pijama. 
Eu [sem saber se ria ou chorava]: Nadaaaaa, não se nota nadinha que é pijama. Duas peças da Primark (nada contra, ok?), herdadas da filha de uma amiga e, consequentemente, tudo já coçado.
Ele: Oh, tu é que és paranóica. Lá estás tu. Foi muito bem. Aliás, toda a gente se metia com ela e ninguém disse que ela ia de pijama!
Eu [a fuzilá-lo com o olhar e a tentar auto-convencer-me de que a vergonha foi dele]: Claro que ninguém disse nada. Dahhhh. Isto é como andares na rua com o fecho das calças aberto. Toda a gente se ri e comenta, mas ninguém te diz diretamente.
Ele [intransigente, com a maior razão do mundo]: És dramática. Foi tão bem...

Agora percebo, minha filha, o drama na hora de ficar com o pai. Desculpa, eu sei que tens uma reputação a manter e o teu pai arrisca-se a causar-te um trauma estético para o resto da vida. 😥😥

Cá está o modelito e digam-me de vossa justiça, por favor:



quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Conta-me Hi(E)stórias #4

Há dias...

... em que apetece falar, mas tens medo que as palavras firam ao serem proferidas no calor da mágoa.
... em que apetece ir, mesmo sabendo que vais querer voltar.
... em que a cabeça está demasiado desarrumada e desalinhada em ideias que não sabes se são fruto do cansaço ou de pensamentos já amadurecidos.
... em que queres dar (muito), mas depois pensas que se calhar o melhor é guardar para ti o que vais oferecer a quem não retribui.
... em que és tão objetiva e transparente e mesmo assim há quem não consiga entender.
... em que o cansaço acumulado te faz querer dar dois gritos e cinco murros na mesa (ou noutra coisa qualquer, mas a mesa parece-te o mais seguro!)
... em que pensas que 'amanhã é que vai ser' e depois olhas para trás e foi-se o presente durante essa espera.

E, no meio da confusão, acreditas que alguém entenderá as tuas necessidades e te fará sentir especial. Uma vez. [Devia ser sempre. Para sempre]. Afinal, o amor é isto. É ter vontade de ver quem amamos feliz. Se não for isto, não é amor. É outra coisa qualquer. É dar jeito... É ser útil... E sentires que não és mais do que isso, é a maior inutilidade da vida.

Danem-se as expetativas, as carências e a ansiedade que são fod****. Há dias... em que percebes que a felicidade está, tão só e apenas, dentro de ti. 

É isto, minha filha. 

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

23 meses de ti (de nós!)...

Sim, no próximo mês são dois anos, mas vou passar esse bla, bla, bla à frente que toda a gente já sabe que o tempo passa a correr!
Com 23 meses:
- Tens dupla personalidade. Quem te vê em público, quietinha, sossegadinha, doce, amorosa, bem-comportada, não imagina no que te transformas em casa. São birras do arco da velha. Gritos histéricos. Cerrar os punhos e fazer tanta força até transpirar. A obcessão pela 'pépé' (vulgarmente conhecida por chupeta!!). A mania das bolachas dos dinossauros - não podem ser outras! 
- As noites continuam a ser boas, mas o processo de adormecer deixou de ser tranquilo. Chamas por nós umas quinhentas vezes antes de conseguires dormir. E para quê? Pois bem, diz que tens comichão nos pés! Sempre. Todos os dias. Só à hora de ir para a cama. Já te expliquei que tens mãozinhas para coçar. Mas dizes que temos de ser nós. Se é o pai que vai ao quarto, dizes que queres dar um beijinho à mãe. Se é a mãe, invertes e queres um beijinho do pai. Quando nenhuma das estratégias resulta, pedes água. Se não vamos, gritas: 'tenho tanta sede!' Alguém me explica onde é que estas criaturas vão buscar tamanha inteligência?
- Já comeste melhor. O leite de manhã não te sabe igual. A sopa é comida sob pressão. Para seres feliz, comias todos os dias massa com salsichas!
- Queres fazer tudo sozinha, numa autonomia que chega a enervar mentes menos pacientes como a tua mãe! E o que te irritas quando as coisas não correm como queres?
- No meio de tudo, és uma ternura. Dás um beijinhos apaixonantes, uns abracinhos maravilhosos, tens umas saídas extraordinárias e um olhar doce. Mas um feitiozinho... tão pai!!! [ahah]
-És ciumenta, tagarela, desenrascada e mimalha.
E, se há dias em que me apetece rifar-te, a maioria dos dias apetece-me engolir-te para poder absorver cada segundo teu. 
Amo-te daqui até à lua [digo-te regularmente e tu ris-te!]. Um dia espero que percebas que isso seja muito mais do que consigo expressar e que o sorriso seja por acreditares neste amor. 💖💝

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Deixa-te de merdas...

... assim, cruamente! Com alguma falta de moderação! Porque há alturas na vida em que precisamos de dar recados a nós próprios! Mesmo que essas informações sejam senso-comum!
Deixa-te de tretas e vive. 
Apetece-te ir passar o fim-de-semana fora... vai!
Apetece-te viajar, primeiro aos Açores, depois a Itália, a seguir à Tailândia (não necessariamente por esta ordem de prioridades!)... viaja!
Apetece-te gritar, discordar, dizer exatamente o que pensas... grita, discorda, diz!
Apetece-te beijar, abraçar forte, chorar... beija, abraça, chora!
Apetece-te uma fatia de cheesecake... come (mesmo que depois tenhas de fazer 500 abdominais ou as calças não te passarem nas ancas!)
Apetece-te trocar de emprego... troca!
Apetece-te mandar as lides domésticas às urtigas e aproveitar mais tempo em família... aproveita!
Apetece-te registar todos os pequenos momentos... fotografa!

Pensamos que temos todo o tempo do mundo numa vida toda pela frente e a vida, às vezes, mostra-nos que não tem mais tempo para nos dar. 
O recado fica dado, minha filha. A ti. E a mim. Que passo mais tempo a planear do que a agir. E fico tão frustrada com isso. Tenho sonhos tão pequeninos e tão facilmente concretizáveis e fico sempre à espera que os outros cheguem ao mesmo objetivo que eu: que se dane o trabalho, o dinheiro, a preguiça. Eu quero é viver. Construir memórias. E tenho feito tão pouco por isso. 
Ouviste miúda? Tu vive! Afinal, nunca sabemos quando é que nos aterra uma avioneta em cima, no síto errado, à hora errada! E aí, meu amor, de nada vale o que sonhaste!

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Da simplicidade da vida...

Ontem na creche. Chegámos e o Manel aos berros, porque queria a mãe. Carolina, alerta, diz-me mal entrámos na porta: 'O Manhele tá a xolále'. Sai disparada, corre na direção dele, dá-lhe um abraço e um beijinho e susurra-lhe: 'Num xóla Manhele, a Caolina tá aqui, olha, olha!'

Oh pah, o meu coração ficou ali. Com eles. Pequenino e inchado. De ternura. De orgulho. De amor.
Só queria, meu amor, que a vida fosse generosa contigo e que acreditasses sempre que um abraço e um beijo pode confortar. Que acreditasses sempre que o poder de transformar uma lágrima num sorriso está nas nossas mãos. Na nossa vontade de querermos ser e fazer os outros felizes!
Amo-te mais que muito. Não por seres minha filha (também, claro que sim!), mas por seres esta menina doce e adorável. Querida e meiga. Preocupada e atenta. Feliz.

sábado, 29 de julho de 2017

Responsabilidades trocadas...

Se, por um lado, as novas tecnologias fazem parte da evolução da sociedade, simplificam muita coisa, encurtam distâncias, bla, bla... Por outro, tornam-nos reféns, alienam-nos, transformam-nos em seres mais automatos e menos emocionais.
Ontem tive a prova disso. De manhã, enquanto esperávamos o pai, ela brincava e eu fazia um zapping matinal pelas redes sociais. A dada altura, ela um bocadinho aflita com o puzzle que não conseguia montar, solta um grito:
'AJUDA! LARGA O TEMÓBEL' 
[assim, sem tirar nem pôr. Esta foi a frase, que até me deixou abananada.]

Boa filha! Não te sensuro, sequer, a falta de paciência, nem o berro. Foi bem dado! E só tenho pena que tenha sido necessário. Que merda de mãe (que não quero ser), que desaproveitou aqueles 5m em prol de likes, amizades virtuais e corações que não batem! Desculpa, meu amor!

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Conversas (im)prováveis!

Diz-me a auxiliar:

- Já sabe a história do careca?
- Não (disse-lhe eu!)

- Então, a sua filha todos os dias passa a mão na cabeça do Manel e diz-lhe: 'Tás careca!' E ele encolhe os ombros, faz um ar de desdém e responde-lhe: 'oh, e tu tás tola!' E é isto todos os dias!

Pois, já vi histórias de amor a começar por menos implicância! 😃😍

quarta-feira, 26 de julho de 2017

O Mundo da Carolina #2

No fim-de-semana, enquanto a sardanisca dormia a sesta, rapei o cabelo ao pai. Entretanto, ela acorda e ele vai buscá-la. 
Ela olha-o, atentamente, franze o sobrolho, passa-lhe a mão na cabeça e diz, muito prontamente, com o ar mais sério do mundo: 'Tás careca!'

😁😂😆

terça-feira, 25 de julho de 2017

O Mundo da Carolina #1

Rubrica nova. Começam a surgir as pérolas a la Carolina e eu tenho mesmo de as eternizar para ela se rir daqui a uns aninhos.

Estava a ver a Masha e o Urso (ela, não eu! Ou melhor, eu por arrasto!) - um dos seus desenhos animados favoritos - e o episódio retratava uma falha elétrica e o urso teve de ir acender uma vela para conseguirem ver. Reação da minorca cá de casa:
'Parabéns a você, nesta data querida...'

[Portanto, velas é sinónimo de aniversários e nada mais, sim?] 😅

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Socorro, ela é mais ciumenta do que eu!!!

Estou tramada! Pensava eu que era a pessoa mais ciumenta que conhecia. Não. Afinal, a minha filha herdou uma das minhas maiores fragilidades!
Não pode ver os pais aos beijinhos. Olha, com cara de cachorrinha mal morta, do alto dos seus 90 cm e diz com a voz mais ternurenta do mundo: bexinho 😘💖 [sorriso de orelha a orelha quando lhe damos um beijinho a ela também!]
Se nos vê a dar um abraço: ronca, franze o sobrolho, olha de canto, faz novamente carinha de anjo e pede um abaxo. 💝

E é isto. Todo o santo dia. Não podemos ter manifestações de carinho à frente da miss, que ela rosna logo e exige o mesmo!

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Da doçura... E do seu poder apaziguador!

A pimpolha adormece sozinha. Há mais de um ano. Deito-a na caminha, fica a brincar com o Panda e a Minnie, fala sozinha, canta... e acaba por adormecer.
Ultimamente, passado uns minutos de a deitar, chama por mim ou pelo pai. Mas nunca quer nada! Ri-se e volta a ficar quietinha.
Ontem chamou-me. Várias vezes (se eu estiver ocupada costumo ignorar! Às vezes ela insiste, outras desiste!). E, ontem, foi insistente. Acabei por lá ir e encontro o sorriso habitual. Disse-lhe, entre cócegas: 'Tu não queres nada, minha malandra. Estás só a brincar com a mãe!' Ela sorriu novamente e desarmou-me com um 'Quélo um béxinho!' Depois do beijo, ficou a adormecer serenamente.
[wow. Que afortunado o meu coração!]

Esta miúda é um docinho - como a mãe, dizem (não me vou pôr com falsas módéstias, estou a reproduzir o que ouço!). Mas não. Ela é muito mais do que eu. E muito mais do sonhei. Ela é ternura, espontaneidade, verdade, doçura. Ela é vida. A minha vida. E tem um poder apaziguador inexplicável na minha (dolorosa) ansiedade.



quinta-feira, 13 de julho de 2017

Palavras que podiam tão bem ser minhas! #5

Roubado daqui - Adoro este Daddy blog [já aqui o disse!] pela verdade, noção, realismo, franqueza, simplicidade que imprime a este mundo da maternidade! E, sim, ninguém está livre de cometer este erro: de se esquecer que o casamento é o nosso primeiro filho! E que, se não for bem cuidado, um dia os filhos vão e ficará um vazio...
'Partilhar o nosso amor com um filho, é a melhor coisa do mundo. Ponto.
Todos aqueles clichés que ouvimos por toda a parte, rapidamente passam a verdades absolutas assim que saltamos para "o outro lado”. Nada faz mais sentido do que ser pai! Nada é mais gratificante do que ver a evolução daquele pequeno ser, ainda que nas coisas mais simples da vida. Enche o peito de orgulho vê-los a alcançar as mais pequenas coisas e sentir que foi graças a nós que o conseguiram… Nada é melhor que isto, nada!
O problema é que viver maravilhado com todas estas vitórias, faz-nos esquecer como tudo começou… Faz-nos esquecer aquilo que tornou tudo isto possível… Faz-nos esquecer quem connosco deu este grande passo...
É muito fácil entregarmo-nos de corpo e alma a estes rebentos. O mais difícil é fazê-lo enquanto cuidamos de quem também os deseja ver florescer.
Cuidar, mimar, amar as nossas caras-metade, são o primeiro passo para a felicidade dos nossos filhos. A felicidade no casal, transforma qualquer criança, numa criança feliz, acarinhada e protegida. Não tenham dúvidas: eles são, aquilo que nos veem ser.
Ser pai/mãe, não é tarefa simples… Noites mal dormidas, infindáveis tarefas, muito barulho e pouco sossego… Amizades em stand-by, saídas reduzidas, rotinas ofegantes e inúmeras correrias… Não é fácil manter o sorriso, principalmente quando não estamos com eles. A relação mãe/pai entra numa espiral de esquecimento e quando damos conta, somos completos estranhos, unidos pelas responsabilidades e afastados pelas circunstâncias. Não há culpados aqui… Não há dedos a apontar. Há sim toda uma mudança, aquilo que muda mais, somos mesmo nós.
Não são portanto, de surpreender, os números que se veem e os relatos que se ouvem… O mundo é bem diferente daquele que os agora avós viveram. Hoje, a pressão é imensa, as exigências impossíveis de satisfazer, o ritmo aceleradíssimo e os apoios escassos... Quem paga isto tudo? Somos nós… os casais, que por força das circunstâncias, nos vemos obrigados a direcionar a nossa atenção para os filhos ou para os companheiros… nunca para ambos!
Se hoje, prestar todos os cuidados e mais alguns às crianças que trazemos a este mundo é um assunto mais do que debatido, preservar o que de mais essencial para a vida deles existe, parece ter sido definitivamente relegado para segundo plano.
Vivemos obcecados com a alimentação, cuidados de higiene, atividades didáticas, acessos à tecnologia, e afins… Escrevem-se manuais de como cuidar, educar, estimular e tudo mais acabado em “ar”… Julgamos, castigamos e até amaldiçoamos quem se atrever a falhar… E no fundo, o que fazemos é continuar a carregar os ombros destes novos pais, que já muito sacrificam simplesmente para o poderem ser.
Que não restem dúvidas: Há poucos nascimentos em Portugal? Pois há… Porque poucos são aqueles que se atrevem a arriscar a pele a fazer algo tão natural como ter filhos...
Por isso, desliguem o “complicómetro” e lembrem-se: 
É fácil perdermos horas a olhar para os nossos rebentos, aliás, é a melhor coisa dos nossos dias, mas sempre que tiverem de olhos postos neles, olhem para o lado e vejam quem vos acompanha.' 💖💗

segunda-feira, 10 de julho de 2017

22 meses de ti (de nós!)...

E, de repente, estamos quase nos 2 anos! E gosto tanto de te ver crescer assim... apoiando-te em nós quando precisas, mas sendo, cada vez mais, TU! Senhora do teu nariz, com ideias próprias, independente, desenrascada, individualista. 'É a ménina' [sim, tu carregas no 'e'!].

- Estás na fase do 'o que é?', 'o que foi?', 'quem é?'. E és insistente nas perguntas, pareces um disco riscado. Contas a vida a toda a gente. Vais para a creche dizer que em casa da vó jogas à bola com o Tomás. Dizes que na casa da ôta vó comeste arroz com fango. Contas ao vizinho que o papá tá a nanar! Percebi, portanto, que a partir de agora não há segredos. Ou, então, o melhor é contá-los longe de ti!

- Tens uma fixação por escorregas. 'É fixe!' [só não sabes fazer o gesto do 'fixe' com o dedo polegar. Abres o polegar e o indicador num ângulo reto e achas que assim é que é!

- Medos. Tens medo de tudo, o que enerva um bocadinho. Na praia, 'água nhão, só areia'! Nas festas, 'Caiinhos nhão, que a ménina tem médo' (então se for carrinhos de choque, fujam, que a miúda berra nuns décibeis insuportáveis!). 'Balão nhão, que foge e faz pum'! Adoras animais e dizes que são muito fofos, queres sempre ir vê-los, mas ao longe. Quando se aproximam, depois de um gritinho histérico, tens médo!

- Odeio quando começas com aquele choro de mimo, só para ver se consegues o que queres. Esforças-te, mas não consegues ser convincente!

- Adoras livros e orgulhar-me-ei imenso se te conseguir passar esse bichinho da leitura!

- Continuas a comer de uma forma, assustadoramente, compulsiva! Temos mesmo de te mandar parar. Estranhamente, mas ainda bem, não há nada de que não gostes. Se é de comer, marcha tudo! 

- Dás os melhores abraços e beijinhos do mundo. Dizes 'amo-te munto' com uma ternura inigualável. Tens um sorriso tão encantador, quanto malandro. Dizem-nos muitas vezes que se nota que és uma criança feliz. Acredito que percebas que és fruto de um grande amor!
[Amo-te(vos) muito] 💝

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Há fases e fases...

... no desenvolvimento de um filho. E dou por mim a dizer sempre: 'Oh pah, que esta fase é que é espetacular. Que engraçada. Parava o tempo e ficava aqui'. Depois, ela cresce mais um bocadinho e eu repito a lengalenga! Portanto, cheguei à conclusão que vou sempre achar que cada altura é particularmente especial. 
E, agora, entrou na fase em que se sai com cada uma, que nos deixa completamente embasbacados, ao mesmo tempo que nos partimos a rir e pensámos que ela está mesmo a crescer!

- Pai, beijo nhão. A baba pica! (Tradução: Pai, não te dou beijo, porque a tua barba pica.)
- [Depois da minha mãe perguntar se este fim-de-semana iamos lá à festa de S. Bento]: Féta nhão. A ménina tem medo caiinhos! (Tradução: Não vou à festa, porque a menina tem medo dos carrinhos!)
- [Na creche, ainda tem a decoração de S. João e ela gosta de tocar nas fitas que estão penduradas. O problema é que o pai é suficientemente alto para lá chegar e eu não. Ontem não consegui pegar nela de forma a alcançar as fitas]: Vamos a caxa bucar a vaxôra! (Tradução: Vamos a casa buscar a vassoura - que assim já consigo chegar às fitas!)
- [À pergunta 'o que vais comer']: Xôpa e maxa com xalxixas. (Tradução: Sopa e massa com salsichas. Por ela, era isto todos os dias e estava o problema resolvido. Não dava grande trabalho, nem despesa!)
- [Ontem, depois de chegar da creche, senta-se no chão da sala e tira os sapatos]: Ui, que xeiro. Lavar já os pés! (Cheirava mesmo a chulé, mas ninguém lhe disse!)

Juro que às vezes não sei onde é que as criaturinhas de palmo e meio vão buscar certas coisas, mas estou in love. 💝💓💖

domingo, 2 de julho de 2017

Pérola matinal

Princesa chega à nossa cama, puxa o lençol que cobria o pai e diz-lhe:

- Acóda, xai, anha. 
Revira os olhos:
- Xó xabes nanar!

[oh meu amor, habitua-te ao facto de esta ser uma característica extensível a grande parte das pessoas do sexo masculino! Perdoem-me as injustiças, mas não há regra sem excepção!]

😂

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Conta-me Hi(E)stórias #3

Ele prometeu-lhe o mundo. Ela acreditou. No auge da sua ingenuidade, confiou.
Ele prometeu-lhe beijos, abraços, justiça, paciência, igualdade, respeito, amor incondicional. Ela acreditou. Movida pela sua paixão, confiou.
Ele prometeu afagar-lhe o cabelo, enxugar-lhe as lágrimas, lembrar datas especiais, roubar uma flor num qualquer jardim, levá-la ao colo, fazê-la sentir todos os dias especial. A mais especial. Acima de tudo. E agradecer-lhe, mais com gestos, do que com palavras, por tudo. Ela acreditou. E, no pico da sua jovialidade, confiou.
Ele prometeu nunca a deixar cair. Ou, se por algum motivo, não conseguisse, ajudá-la-ia a levantar-se. Sem perguntar, sem julgar, sem censurar. Só entendendo. Porque haviam circunstâncias na vida inevitáveis, mas isso não deixara de a magoar. Percebera desde sempre que ela era diferente. Tinha uma imensa fragilidade emocional. Faltara-lhe um suporte que ela nunca havia conseguido solidificar. Mas ele até gostava disso. Porque essa debilidade conferia-lhe uma delicadeza, um cuidado, uma preocupação fora do comum. E ele tratava-a nas 'palminhas das mãos', com o cuidado que ela precisava. E prometeu-lhe que seria sempre assim. Ela acreditou. Instigada pela sua vulnerabilidade, confiou.

[...]

A meninice passou. A ingenuidade passou. Os sonhos deram lugar a uma realidade crua. Ao perceber a injustiça e crueldade da vida, o altruismo deu lugar a um egoísmo que lhe corrói a alma. Ela está diferente. Talvez nem se reconheça a ela própria. Mas foi assim que lhe disseram para ser. Roubaram-lhe a inocência. No dia em que lhe roubaram a justiça, a igualdade, os cafunés, as flores, as mensagens, o colo, a paciência, a compreensão. No dia em que o mundo, de um dos lados (o dela) continuava igual: sem um suporte emocional. E, pior do que isso, sem sonhos, nem crenças em promessas. Sem a esperança de que ele colmatasse essa falha. 
A compreensão dava lugar à falta de empatia. A carência que outrora lhe suscitava preocupação e um carinho redobrado, dava agora azo a incompreensão. Ele não percebia. Achava que ela tinha tudo. 
A diferença é que ele, de facto, tinha mais do que alguma vez desejara. Ela tinha muito menos do que sonhara. E o problema talvez fossem as expetativas. Ela precisava que ele fosse o que prometera! E ele perdera a sensibilidade emocional que antes a apaixonara!

[...]