terça-feira, 9 de outubro de 2018

Morri!

Estava sozinha com ela em casa. Estávamos a comer canja. De repente, vejo-a aflita, a puxar o vómito. Cada vez com mais intensidade. Enfiava as mãos na boca. Ficou branca... ou roxa, sei lá! Mudou de cor, mas eu já não via nada. Não conseguia falar. E eu percebi que tinha qualquer coisa entalada na garganta. Eu tremia como varas verdes, respiração ofegante e uma sensação de impotência inexplicável. Porque eu tenho o curso de Primeiros Socorros. Eu tenho formação em Suporte Básico de Vida. E, naquela hora, estava bloqueada. Uma perna puxava-me para a porta, numa tentativa desesperada de gritar por ajuda a um vizinho. A outra perna, fixou o chão e obrigou-me a virá-la quase de cabeça para baixo e dar-lhe duas palmadas fortes nas costas. Vomitou um osso de frango, mais pequeno que a unha do dedo mindinho dela. Mas que foi o suficiente para nos deixar às duas em apneia! 
Abraçamo-nos e ela, muito aflita e chorosa diz-me, entre soluços: 'Diculpa mãe. Eu não fiz por mal e tu bateste-me!' Morri mais um bocadinho. Expliquei-lhe que tive de fazer aquilo para a ajudar a desengasgar-se, que ela não teve culpa nenhuma e que a amava muito. 
Acalmamo-nos mutuamente. E eu renasci naquele abraço.

Imagem surripada do Google

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