terça-feira, 20 de junho de 2017

Não somos nada...

Escrevo, não escrevo... Ando nisto desde Domingo...
Apetece-me, mas falta-me a coragem... Esta coisa da efemeridade da vida mexe comigo, ata-me a garganta, borbulha-me o estômago, estilhaça-me o coração... Dizem que piora quando temos filhos. E piora. Não tememos só por nós. Tememos mais por eles. Por nos imaginarmos em situações limite de impotência. E isso chega a doer. 
Só consigo imaginar que estas coisas acontecem, porque a vida nos quer dar uma lição e obrigar-nos a abrir os olhos. E, mesmo assim, não deixa de doer muito.
Só consigo auto-mutilar-me pelas vezes que me lamento por nada, que refilo, que me queixo do tempo, das birras, de futilidades. Que amuo, que me irrito porque me alteram planos. E nem sequer penso que chego a casa ao final do dia. E estão lá, sãos e salvos, o meu marido e a minha filha. E a minha casa intacta, com todos os meus pertences. 
Estas 64 pessoas (para já - e tal como muitas outras, noutras circunstâncias), não acordarão mais, não se queixarão mais, não abraçarão mais, nem poderão ser abraçadas. Não poderão mais fazer planos, nem que seja para os ver serem alterados. Não poderão mais refilar com os filhos só porque estão a fazer uma birra interminável. Não poderão mais sentir o cheiro dos familiares e nem imaginar a dor que os que ficaram carregam no coração.
Porra pah, que isto só pode ser um abanão, para percebermos que temos de aproveitar cada dia. Cada hora. Cada minuto. Cada segundo. Cada sorriso. Cada abraço. Cada palavra. Encarar cada desafio e problema como uma oportunidade.  Agradecer à vida por respirarmos. E por nem sequer conseguirmos imaginar a dor, o desespero, a impotência de sermos nós - ou os nossos - a passar por isto. Sem que isso signifique que não nos toca. Porque toca - fundo - e dói! Muito. Uma dor que chega a moldar a alma. E, ainda bem, desde que seja para acreditarmos que esta vida são dois dias... e um já passou!

Imagem retirada do Google



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