terça-feira, 14 de novembro de 2017

Palavras que podiam tão bem ser minhas! #6


Uau! Que texto tão bom! Leiam até ao fim, sem pressas e saboreando cada sábia palavra!
Caso não tenham tempo ou paciência, ficam aqui alguns trechos:


"Quer dizer então que existem mesmo amores para toda a vida?

Sim, existem. Embora sejam raríssimos porque as pessoas, muitas vezes, desmazelam as relações amorosas e aquilo transforma-se com alguma facilidade numa relação fraterna, o que não é a mesma coisa. Em todo o caso, há ligações absolutamente mágicas. Relações nas quais os casais, em vez de envelhecerem para o amor, renascem permanentemente alimentados por ele.

É fundamental educar para os afetos?
Precisamos de falar do amor e, sobretudo nas escolas, é vital explicar que nenhum amor dura para sempre se não for bem cuidado. Que mais importante do que casar é namorar, porque quando namoramos já casamos um bocadinho.

Também é por amor que tendemos a insistir até à última em relações condenadas?

Não, muitas vezes é por vaidade: como vou assumir um falhanço? Ou por medo: entre estar mal acompanhado ou sozinho, prefiro a companhia, mesmo que ela me adormeça para a vida. É como se o outro nos fosse convertendo na sombra do que somos e não no que somos, de facto – o contrário de termos alguém que se propõe conhecer-nos. E isso é muito inquietante porque, de repente, vamos perdendo em suaves prestações o respeito por nós. Acumulamos essa bruma e desistimos de quem somos, das nossas convicções, até morrermos para a vida. O que, volto a dizer, é diferente de morrer de amor.

Quando começa um divórcio?

Quando não namoramos todos os dias. É facílimo divorciarmo-nos: basta termos muitos compromissos profissionais, muitas preocupações a esse nível, até filhos. Ao contrário do que eles e nós quereríamos, são os filhos quem melhor divorcia os pais, porque depois passamos a vida a tapar a cabeça e a destapar os pés, sempre a correr atrás do prejuízo. Temos a ideia de que existem relações seguras, em relação às quais podemos descontrair, e sem dar conta chegamos ao patamar em que falamos numa linguagem encriptada.

Nós ficamos sossegados, a achar que dissemos o que estávamos a sentir…

… Mas nem paramos cinco minutos para perceber se o outro entendeu o que queríamos dizer. Depois chega uma altura em que um amigo nos pergunta porque não dissemos o que sentíamos e nós desabafamos: «Porque não estou para me chatear.» Começamos a divorciar-nos quando já não estamos para nos chatear. Quando chegamos à célebre frase que já todos dissemos e todos escutámos: «Não lhe disse porque não vale a pena. Ele não ia perceber.»

Em que é que o amor de mãe difere de todos os outros amores?

É mágico. Imagine uma mulher no limite da exaustão, cheia de preocupações, com uma atividade profissional que valha-nos Deus e uma família de origem em que a mãe e a sogra disputam entre si para ver quem sabe mais de bebés, em vez de darem colo à mãe – ninguém dá colo às mães. Se alguém soprar, aquela mãe escangalha-se. E então o seu filho chora, sorri, aninha-se-lhe nos braços, e toda ela se ilumina. É amor de mãe. Mas atenção: há amores maduros que podem ser muito parecidos com isto, daí serem tão raros. E tão absolutamente arrepiantes quando acontecem.


Amar dá muito trabalho, exige tempo, dói. Porém, acho que pecamos sobretudo por não conseguirmos fechar os olhos nos braços da outra pessoa, como faz um bebé no colo da mãe. Nunca vamos amar enquanto não formos capazes de fechar os olhos nos braços de alguém, porque isso é outra forma de dizermos «Sente. Olha para mim, sente-me em ti, pensa por nós.» E não há nada que valha mais a pena."


Leiam tudo, que vale cada minutinho!




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