segunda-feira, 6 de março de 2017

Consultório materno #1

Apesar de este blog se pautar, maioritariamente, por algum sentido de humor, gosto de o aproveitar para falar, também, de coisas sérias. E esta rubrica servirá para isso mesmo. À medida que vou acompanhando grupos e fóruns de grávidas e mães, vou percebendo que há assuntos, dúvidas, inquietações,... comuns à maioria das mortais! Portanto, conto convosco para transformarmos estas rubricas em momentos de partilha! Lerão aqui o resultado de uma 'mini-investigação web' (eu armada em investigadora!), onde encontro problemas e tentativas de solução. Mas sem a pretensão de que seja rigoroso, científico e a fórmula perfeita de lidar com as questões!
Hoje falamos sobre o potencial conflito (concorrência até) entre mães/sogras e filhas/noras, após o nascimento de uma criança. E o dualismo psicológico que isso acarreta. Porque todos sabemos a importância e necessidade de um convívio saudável entre avós e netos, mas balançamos na hora de analisar se se extravasam limites. E na análise que vou fazendo, percebo (não sendo psicóloga - gostava!, é apenas a minha opinião pessoal) que há comportamentos que podem ser obsessivos, egoístas e transformarem-se em disputas pessoais (materializadas em comentários e ataques que, normalmente, são feitos a sós) que podem, muitas vezes, interferir na vida do casal (porque as questões familiares são difíceis de administrar e o silêncio - sendo a melhor arma - só resolve a curto prazo). Alguns exemplos:

- Nítido sentimento de posse sobre a criança, não permitindo que mais ninguém possa pegar-lhe ou brincar com ela. Necessidade de estar permanentemente com a criança ao colo, mesmo em circunstâncias que possam pôr em causa a segurança do bebé e ignorando que existem outras pessoas que também querem lidar com ele. Muitas vezes, chegam até a ausentar-se dos locais, para fugir dos pais, dos outros e ficarem a sós. Fingir que não ouve a criança a pedir para ir ao colo da mãe ou do pai, tentando encontrar formas de a distrair e prendê-la à força.

- Desautorizar permanentemente. Fazer as vontades todas à criança, mesmo contra as orientações dos pais. Manipular e 'comprar' a criança, oferecendo-lhe tudo o que ela quer. A maior parte das vezes fazem isso às escondidas, para ganhar o amor incondicional do bebé e não serem repreendidas.

- Dizer, constantemente, que a criança só gosta da avó e de mais ninguém. E que 'a mãe é má'. E repetir, com orgulho, que o bebé quer é viver com ela, porque a avó ama mais que todos os outros seres à face da terra. Incluindo a mãe. Necessidade mórbida de mostrar que é melhor que toda a gente.

- Criticar constantemente. [A maior parte das vezes, também às escondidas, para não serem advertidas] Ora é porque a criança está cheia de fome, ou dorme demais, ou a roupa não é adequada, ou porque 'coitadinha' faz birra porque tem sono, ou somos demasiado imaturas para resolver problemas na creche e o melhor é mesmo ir lá a avó, ou, na melhor das hipóteses, a criança está bem é a viver em casa dela.

- Ensinar a criança a chamar 'mãe' à 'avó'. Uma coisa é uma coisa. Outra coisa, é outra coisa.

- Tentar que a criança diga que gosta mais de uns avós do que dos outros. 

- Chantagem emocional. Amuar porque não viu a criança durante 3 dias. Amuar porque a criança foi ao Jardim Zoológico sem ela. Amuar porque a criança foi de férias sem ela. Amuar porque não passa todos os Natais e Páscoas e Carnavais lá em casa, porque tem de dividir a atenção com outra família. Amuar porque a criança está doente e quer a mãe e lhe sai uma graçola do género 'ainda hás-de chorar para vires à avó!' Normalmente, estes amuos vêm de alguém que também gostou de ter os filhos só para ela até aos 60 anos, que chorou quando os filhos casaram aos 40, porque não era suposto ninguém roubá-los e que gostou de assistir a todas as aprendizagens deles sem intromissão.

Podem, também, surgir conflitos pelo motivo oposto: falta de atenção e de amor aos netos. Mas são menos frequentes, porque esta ausência de convívio evita o conflito!

De acordo com a opinião de alguns psicólogos, estas questões agravam-se quando se passa para conflitos pessoais e, numa tentativa de as avós imporem o seu espaço, começam a inferiorizar as filhas/noras. Estas questões são mais comuns entre as noras e mães só de rapazes, porque estas sentem que foram 'trocadas' por uma mulher 'estranha' que lhes 'roubou' o filho e ocupou um lugar que sempre lhes pertenceu. E, de repente, as noras deixam de ser apenas a mulher do filho. E passam a ser mães. Um papel que antes era só dela. E (sexismos à parte) administrar relações entre mulheres não é fácil!

Há, em alguns casos, uma vontade dos avós serem pais novamente, com o intuito de terem novas chances de educar de outra forma. Ou para evitar que os filhos criem os netos de uma forma diferente daquela que eles consideram correta. Ou, ainda, para se voltarem a sentir joviais. Precisam é de perceber, também, que já tiveram a sua oportunidade de ser pais e que não podem condicionar os filhos de exercer esse papel!

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