quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Carta a ti, meu futuro genro!

Agora que ela vive a primeira paixão, faz sentido debruçar-me sobre este assunto! Ahah.
Eu, pessoa imensamente teatral, me assumo. Passo a vida a imaginar toda uma panóplia de cenários para a minha vida. Incluindo a possibilidade (diabo seja cego, surdo e mudo) de não estar cá daqui a 20 ou 30 anos e, por isso, ficam já os recados dados!
A carta é para o homem que for responsável por arrebatar o coração da minha filha. Mas quero que ela a leia, também, com atenção. E saiba que não pode contentar-se com menos do que isto. Deve ser meiga, paciente, resiliente... mas nunca desistir de si. Viver em função do outro não é ser feliz, nem altruísta. É só matar os sonhos! 
Portanto, meu querido genro:
- Ela não vai esperar que a ajudes. Porque eu vou educá-la no sentido de lhe ensinar que uma relação a dois é um negócio em que ambos são sócios e, portanto, o trabalho é partilhado. E espero que também te tenham educado nesse sentido.
- Levas uma miúda tão doce, um coração delicado e os melhores beijos, abraços e gargalhadas do mundo dentro de um espírito livre e de uma personalidade forte. Ela vai gostar de um tipo sensível, que diz o que sente, que não tenha medo de parecer ridículo e que nunca ponha em causa a confiança que ela tem nele.
- Não lhe digo sempre que está certa. Sei que educar é corrigi-la, ralhar com ela, dizer-lhe que não tomou a atitude certa, mostrar-lhe os melhores caminhos. E espero que tenham feito o mesmo contigo. Estou a ensiná-la a respeitar, a partilhar, a dizer-te que te ama, mas sobretudo a mostrar-te, com atitudes, isso todos os dias.
- Ela vai precisar de abraços, de beijos, de elogios, todos os dias. Mesmo quando a ensino a ser independente, forte, destemida, desenrascada e com uma boa auto-estima. Vai apreciar que caminhem de mãos dadas e que se beijem apaixonadamente. Espero que estejas à altura.
- Ela não se vai importar que saias para uma noite de copos com os teus amigos, mas vai esperar que no fim-de-semana seguinte reajas da mesma forma com ela. Ou, então, que o façam sempre juntos. Disso ela vai gostar. Que tenham planos juntos e que aproveitem todo o tempo que têm livre para serem felizes juntos. Estou a ensiná-la que a família está sempre em primeiro lugar.
- Ela não se vai importar de ficar a tomar conta dos vossos filhos para que possas dormir mais um bocadinho. Mas vai esperar que no dia seguinte faças o mesmo com ela. Que a deixes descansar ou cuidar dela e fiques umas horas com eles.
- Ela vai amar e respeitar a tua família como se fosse dela. E vai esperar que também o faças com a mesma dedicação. Sem egoísmos, nem comparações.
- Vou ensiná-la a amar-te como um príncipe. A não desistir à primeira contrariedade. Mas, também, a não se contentar com menos amor do que aquele que o pai lhe dá.

Talvez seja esta a razão pela qual sempre desejei ter filhos homens. Apaixona-me o desafio (dificílimo) de os educar para seres grandes homens, grandes namorados, grandes amigos, grandes pais. Quero muito ter o privilégio de ensinar alguém a tratar as mulheres como gostariam que um homem tratasse as suas irmãs ou as suas filhas. Quero muito corrigir. Elogiar. Abraçar. Ensinar a partilhar tarefas domésticas. Ensinar que as coisas não se resolvem com gritos, mas com diálogos. Mostrar que as mulheres são fortes, mas delicadas. Que podemos ter opinião, mas não abafar os outros. Que o machismo não os leva a lado nenhum. Que a ternura e a delicadeza não são coisas só de mulheres. Que elas vão gostar que eles as surpreendam. Que a presença não é só física.

E que tudo isto nunca pode ser unilateral. Reciprocidade. Porque o amor morre, na maior parte das vezes, quando se acha que está tudo bem!

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