quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Deixem-nos ser mães*!

* Nota: Estes textos, sendo muitas vezes pessoais e refletindo o que sinto enquanto mãe, podem não o ser! A minha veia investigadora [ahah] leva-me a estar atenta a questões que a maior parte das mães desabafa em surdina, com medo de gritar ao mundo, mas que as sufocam!

Decidi que queria ser mãe muito cedo. Acho que com 20 anos já dizia que estava na altura. Talvez (certamente) não estivesse. Mas o certo é que sabia que esse era um dos meus maiores objetivos de vida. Podia mudar de ideias assim que nascesse o primeiro filho. Não aconteceu. Fui mãe pela primeira vez aos 29 anos [quase 30] e continuo a querer ser mãe. De mais filhos. E pode ser já amanhã. É a minha maior missão de vida. Completa-me. Faz-me infinitamente feliz! 
Tenho 31 anos, um ar de menina, mas a maturidade de quem vive e de desenrasca sozinha desde os 17 anos, o que me tornou muito 'senhora do meu nariz'. Bom por um lado, mau por outro, como tudo na vida! A verdade é que esta personalidade me fez sempre desejar ser mãe por inteiro, com tudo o que isso implica:
- A acumulação de tarefas, a sensação de que está tudo quase a fugir do controlo, mas depois a descarga de adrenalina quando sinto que fui capaz de dominar o caos! Passar roupa (sempre foi, genuinamente, a minha tarefa doméstica preferida), arrumar legos...
- Os gritos, os choros, as gargalhadas (os nossos e dos nossos filhos), a necessidade de controlar emoções.
- Despejar soro fisiológico 'à bruta', limpar ranho, trocar fraldas, dar banho, cheirar cocó, ter a roupa permanentemente suja. 
- Abdicar, por vontade própria, de um almoço, um jantar, de fazer a depilação ou pintar o cabelo, só para ganhar uma hora de abraços, beijinhos, mimos e gargalhadas.
- Ter dúvidas e seguir o nosso instinto, porque sabemos que será sempre o melhor caminho. Quando é necessário, pedem-se conselhos (dispenso os que são dados por livre vontade). Até lá, fazermos o que achamos ser o mais acertado, já é o melhor!

Gosto de viver isto tudo, por opção, por mais ridículo que algumas destas coisas possam parecer para algumas pessoas, porque sempre desejei que assim fosse. Em pleno. Intenso. Para o bom e para o mau. Para que, um dia, não olhe para trás desejando ter aproveitado, ter sentido. Não quero viver na nostalgia de achar que não aproveitei os meus filhos o suficiente. Porque, um dia, sobrar-nos-à tempo. Minutos e segundos que parecerão horas. E teremos tempo para viver as mil e uma coisas que não os incluem. Para já, não quero sentir que deixei que os meus filhos fossem de toda a gente, menos meus. Com tudo a que tenho direito. Até o menos bom. Ou o mau mesmo.
Gosto que sejamos nós, pais, a decidir tudo o que envolva sono, roupas, sapatos, horários, comida, saúde, hábitos, sem ter meio mundo a validar o que fazemos e a pôr em causa o nosso papel de mães. 
Tenho 31 anos, mas muitas certezas. E, se houvessem mães perfeitas, nunca haveriam filhos imperfeitos!
Deixem-nos ser mães! Por inteiro!

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