quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Quando o coração estilhaça...

3ªf, no hospital.
A pequena andava a fazer febre há 4 dias seguidos. No dia em que o pico de febre foi maior e, para despistar, lá fomos ao hospital. Diagnóstico: amigdalite em estado avançadíssimo. Como diz a pediatra: "Esta miúda engana mesmo!" Nunca deixou de comer, de tramelar, de andar de um lado para o outro, de se meter com toda a gente... Nunca nos pareceu uma criança doente e, provavelmente, não fosse a febre constante, nunca nos teríamos apercebido que estava efetivamente doente. Isto para vos dizer que temos mesmo muita sorte. Pelo menos, até agora. [Eu tenho sempre muito medo de apregoar felicidade com receio de agoirar!]

Mas no hospital, estava um outro menino, com um problema muito grave num rim. Ele vomitava de 5 em 5 minutos e a mãe chorava. E, naquele momento, tentamos todos consolá-la de alguma forma, mas não há uma maneira de acalmar uma mãe com um filho doente. E, naquele momento, eu chorei. E tive de me abstrair da conversa e isolar os meus pensamentos noutro local. Foi impossível ficar indiferente. E, naquele momento, o nosso coração estilhaça-se, despedaça-se e nós não temos mais certezas se o conseguimos montar da mesma maneira, sem mazelas. Apeteceu-me tanto abraçá-la e enchê-la de beijos [àquela mãe]. O meu marido ainda lhe conseguiu dizer para ter fé, que Deus olharia por eles. Eu tinha a voz tão embargada que preferi ficar em silêncio.
Eles foram embora da sala de espera e ele pergunta-me em surdina: "Ainda tens a certeza de que queres ter mais filhos? Tenho tanto medo que a sorte não nos bata à porta duas vezes..." E, neste momento, todas as certezas são postas em causa. O coração recompõe-se devagarinho, mas com sequelas. Há momentos na vida em que percebemos [sabemos sempre, mas esquecemo-nos muitas vezes] que temos de agradecer, sempre e tanto, por termos filhos saudáveis...

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