sábado, 24 de dezembro de 2016

Feliz Natal pessoas!

Não fui eu que escrevi este texto, mas podia [se podia!]
Roubado daqui:

"A idade, mas sobretudo a vivência, levam-nos a, frequentemente, redefinirmos prioridades na vida. O que há uns anos era tudo para nós, hoje pode ser algo irrelevante ou secundário. Pela ordem inversa, o que não há muito tempo podia ser um aspeto menos importante na vida pode ser, agora, o nosso maior objetivo.

Definir essas metas, reorientar o caminho, é fundamental para que nos mantenhamos equilibrados, motivados e focados. Sempre achei que, de uma forma ou de outra, quase todos procurávamos as mesmas coisas, ou coisas muito parecidas, a partir de certa idade, e depois de já termos vivido bastante. Claro que há exceções, e pessoas que não mudam, mas são uma minoria. Quando nos casamos, quando temos filhos, quando criamos uma família, parece evidente que a nossa prioridade e orientação de vida não pode ser a de ir apanhar bebedeiras às sextas e sábados com os amigos, até de madrugada. Sou o primeiro a defender que isso deve continuar a acontecer, e deve continuar sempre a acontecer, não pode é, como é evidente, ser uma prioridade na vida.

Crescer, amadurecer, é, também, aprender a tirar prazer de coisas que, antes, nos pareciam particularmente aborrecidas ou sem graça. Qualquer pessoa concordará que passar cinco horas na kidzania a um sábado de manhã com os filhos pode ser a seca de uma vida, mas quem é pai também sabe que quando vemos a alegria dos miúdos naquele momento, a excitação com a brincadeira, quando eles nos puxam pela mão para os irmos ver a andar no carro dos bombeiros, ou quando pedem para irmos aprender a tocar um instrumento com eles, tudo isso nos enche felicidade, e isso compensa largamente o aborrecimento de passar ali uma parte do dia. Ver os filhos a crescer, a fazer as coisas deles no dia a dia, a brincar, a imitar vozes, a alterar letras das canções inserindo os tradicionais elementos de humor escatológico infantil como “chulé”, “cocó”, “pum” e “chichi”, tudo isso traz a um pai uma alegria que o faz ter a certeza de que estar com aquelas criaturas é, de facto, a coisa mais importante da vida.

Uma das características mais importantes para se ser um bom pai, uma boa mãe ou um bom marido, ou mulher é o sermos altruístas, o sabermos colocar o interesse do outro, ou o bem-estar do outro, à frente de nós próprios. E este é um dos grandes desafios dos tempos modernos. As pessoas têm cada vez menos paciência, são cada vez menos tolerantes, estão cada vez mais dispersas em mil e uma coisas, sempre agarradas às redes sociais e aos chats, desfocadas daquilo que deveria ser relevante, ao ponto de acharem que há coisas mais importantes do que a família. E não há. Só que uma coisa é haver momentos em que pomos os interesses dos filhos, da mulher, do marido à frente dos nossos, outra totalmente diferente é fazermos sempre isso, e deixarmo-nos anular por completo. E esse é outro dos dramas de muitas famílias. É sempre importante existir equilíbrio de forças entre os elementos do casal, na relação entre pais e filhos, na relação entre os irmãos, para que todos saibam que ninguém está acima de ninguém e a única coisa que está acima de toda a gente é a família.

Peço desculpa por não estar propriamente eufórico com o Natal, nem a cantar canções alegres com camisolas de lã ridículas, mas é sobretudo nestes momentos de felicidade generalizada que me dá mais para olhar para mim e para a minha vida, e para os outros, e para a vida dos outros, e sentir que mesmo fazendo tudo o que considero correto, mesmo lutando para ser o melhor pai, o melhor filho, o melhor irmão, o melhor marido, nada disso chega se a dedicação for unilateral. 

Há, no entanto, dois caminhos: continuar a lutar pelo que considero ser correto, mesmo que isso dê muito trabalho, e me obrigue a muitos sacrifícios e um enorme altruísmo, pondo frequentemente os que amo à frente dos meus interesses, ou desistir, seguir o caminho mais fácil e tornar-me igual aos outros. As 12 maratonas que já corri ensinaram-me muitas coisas, talvez a mais importante seja só esta: desistir, nunca."

Feliz Natal!!!


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