quinta-feira, 7 de julho de 2016

Sobre as expetativas...

... Bem, eu disse que voltaria a este tema mais tarde - as diferentes percepções, por parte dos elementos do casal, da vida após a maternidade e como se faz a gestão das diferentes expetativas! É que, às vezes, não se faz! E o resultado são as tão comuns depressões pós-parto!
Estes dias, perguntava-me o meu marido: "Tu não sofreste disso, pois não?" Não, felizmente, não! Porque imagino a agonia e a dualidade de sentimentos que daí advém. Mas, hesitei na resposta que lhe deveria dar. Porque a verdade é que me senti, muitos dias, a patinar, na corda bamba entre o lado de cá e o lado de lá e numa luta fortíssima por não me deixar ir. E é muito fácil ir... 
São muito comuns as queixas das mulheres-mães - um dia destes faço uma tese de doutoramento para corroborar as minhas teorias! - sobre o pós-parto. Primeiro, porque somos nós que sofremos as dores todas do antes, durante e depois. E eles, pedem-nos para ter calma! Depois, porque temos as hormonas aos saltos e eles, que não fazem a menor ideia do que isso é, dizem que somos maluquinhas! [Às vezes somos. Eu lembro-me que estava tão descompensada que um dia, ao escorrer a massa do jantar, o testo do tacho caiu e a massa estendeu-se ao comprido no chão da cozinha! Fiquei num pranto! Como se acabasse o mundo, porque não ia ter jantar. E lembro que tenho o Braga Parque ao sair da porta, portanto, o problema ficava resolvido em 5m! Mas pronto, há mesmo momentos em que o nosso cérebro não funciona e ponto!]. E, depois, vem a parte pior: a vida social deles continua igualzinha. Vão jogar à bola, sair com os amigos, jantar fora, tomar um cafezinho,... e nós, temos de ficar em casa, isoladas do mundo, a tomar conta daquela criatura que nos caiu no colo, a quem temos de dar de mamar de 3 em 3h (quando não é menor o espaço de tempo!) e embalar e mudar fraldas e acalmar cólicas,... 
E vem a pergunta estúpida, quando chegam a casa: "Porque é que estás tão enervada e aborrecida e de mal com o mundo? Ela até está a dormir!"
"Pois está! Agora! E tu, vais-te deitar e dormir a noite toda, porque nem dás conta de que acordo de 2 em 2h, para dar de mamar, acalmar, meter a chupeta à boca, ou, apenas, chorar! Aproveitar para chorar quando ninguém ouve, nem vê!"
É que, de repente, não é nada como imaginei! Os sonhos com os passeios a três ao Jardim Zoológico, com jantares tranquilos, com férias a três, com tarefas divididas equitativamente, com a sanidade mental toda são interrompidos pela realidade bem diferente! Piora quando um acha que faz sentido ir jantar com os amigos e o outro acha que não, porque não podemos levar os filhos ou não podemos ir sem eles. Piora quando um acha que era giro ir passear à praia em família, mas o outro acha que está demasiado frio ou demasiado calor e a criança é uma florzinha de estufa que não tem de ganhar defesas. Piora quando um quer distrair o rebento e ir arejar e o outro só quer dormir. São só exemplos! Pequenos exemplos que nos fazem perceber porque é que, muitas mulheres põem em causa se ter um filho terá sido a melhor opção, ou se terá sido a altura certa. E que, muitos homens não compreendem, porque acham que é tão bom, tão perfeito, tão fácil... que chegam a não entender porque é que piramos! 

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