sexta-feira, 28 de abril de 2017

Eu, mãe de menina...

[alerto só para o facto de o post ser pessoal, esta é apenas a minha história! As mães de meninos terão outra perspetiva; serão, igualmente, felizes, completas e sentirão o mesmo amor avassalador e compensador!]

Durante cerca de 30 anos que me imaginei rodeada de rapazes. Achava que só ia ter filhos, homens. De tal ordem que, durante toda a gravidez, o feto foi carinhosamente batizado de 'pontinho'! Era O pontinho! Pelo menos em duas das ecografias que fiz, já depois de me terem dito que seria uma menina, perguntei tão insistentemente se tinham a certeza que, a dada altura, uma das médicas me perguntou descaradamente: 'fogo, isso é que é vontade de ter um menino, foi mesmo uma desilusão mãe! Lamento, mas não há dúvidas, é mesmo uma rapariga!'
Caiu-me a ficha! Tinha mesmo de me começar a habituar à ideia! Mas acho que foi aqui o momento em que tudo começou. Eu, aquela que não queria meninas, percebia que, afinal, o que eu tinha era MEDO. Medo do universo feminino, das roupas cor-de-rosa, dos brilhantes e purpurinas, das bonecas pirosas, dos lacinhos e ganchinhos, das pinderiquices e histerismos. E, acima de tudo, da fragilidade, da delicadeza, da sensibilidade, das hormonas a pipilar, das crises de TPM. Eu sou mulher e sei como é que as coisas funcionam! E isso assustava-me sim! Nunca me passou pela cabeça nada positivo, nem o facto de, um dia, quando (ou se) ela for mãe, poder dar-me um valor diferente, de uma forma que, eu acho, os homens nunca saberão fazer!
Depois, ela nasceu. E veio ao mundo para me fazer sentir uma privilegiada todos os dias. Agradeço, cada segundo, a Deus (ou lá a quem foi que teve dedinho nisto!) por ter tido mais inteligência que eu e ter percebido que eu precisava de ter uma menina. Que a vida precisava trocar-me as voltas, pôr-me à prova, mais uma vez, de forma a que eu percebesse que o previsível não é, necessariamente, o caminho certo! Estou mesmo grata à vida!
Agora, aprecio o facto de a vestir de cor-de-rosa, pôr-lhe ganchinhos e arcos e uns folhos pirosos e, no dia seguinte, vesti-la à 'maria-rapaz'! Hoje entendo o prazer de brincar com Minnies e bonecas irritantes e, no minuto a seguir, jogarmos à bola e irmos ver os 'popós'. 
A menina nasceu para me mostrar que não iria ser um menino a fazer-me sentir mais especial, por ser tipicamente, mais 'apegado à mãe'. A menina nasceu para me fazer sentir amor! Hoje teria mais uma, dois ou três meninas, com a certeza de que a vida foi bem mais inteligente do que eu imaginava! E desculpa, filha, por algum dia ter duvidado disso!


Sem comentários:

Enviar um comentário