quinta-feira, 23 de junho de 2016

Sobre a amamentação...

Este é um tema sensível e eu incorro em alguns riscos ao falar sobre ele. Mas faz sentido, na sequência do post anterior. Desde as aulas de preparação para o parto que levamos uma 'lavagem cerebral' sobre a importância da amamentação (até aos 2 anos!). Mas, desde sempre, que não sou fundamentalista e sempre disse "se não me apetecer, não amamento e ponto!" Até a minha mãe (que pertence às gerações mais extremistas, de defesa da amamentação, é muito à frente, e dizia 'Fazes se quiseres. O importante é que a tua filha tenha uma mãe feliz!'

A verdade é que eu devo ter sido muito má pessoa noutra vida, porque fui presenteada só com coisas boas - not - [esta parte, aconselho as futuras mamãs a passarem à frente, até porque somos todas diferentes, felizmente! Ouçam só os relatos bons!]: diabetes gestacional, um parto induzido - horrível, pontos infecionados e uma ferida aberta (que me valeram 6 meses de recuperação e impossibilitaram qualquer atividade com as minhas partes baixas!) e, depois, um processo de amamentação difícil, com direito a gretas e mastites várias (que fui curando com mezinhas caseiras, apertando os nódulos debaixo de um chuveiro de água a ferver)! 

No que respeita à amamentação, as primeiras duas semanas foram horríveis. É verdade, não vou pintar a coisa de cor-de-rosa. Desculpem. A miúda vomitava sangue, e nós assustadíssimos, até que a enfermeira, calmíssima, diz: 'Mostre lá as suas mamas! Claro que bolsa sangue, é isso que ela está a mamar, dado que tem os mamilos todos gretados!'
Eu chorava, não tinha vontade de a amamentar, ferrava numa fralda enquanto ela comia... e apeteceu-me desistir. Não ajudava o facto de ter o meu marido a dizer 'Tens de ter paciência!' Odeio quando as pessoas dão conselhos que julgam ser sábios, sem saber do que falam! Aquilo era quase insuportável. Apetecia-me esganá-lo. Preferia que estivesse calado, ou então, que compreendesse. E dissesse, antes, 'Se preferires, desiste!' Há alguém que se atreva a pedir calma e paciência a uma mulher que acabou de parir e que é um poço de sensibilidade e uma montanha russa de hormonas desreguladas? Não se metam nisso!. Por outro lado, quando sou espicaçada, ganho outra força, e não sou mulher de desistir! Hoje, não me arrependo, porque, ao fim de duas semanas, tudo se tornou mais fácil e rotineiro e já não havia dor. 
Era prático e um processo cúmplice entre mãe e filha. Mas, ganhei um respeito ainda maior por quem opta por não amamentar. Por quem não se deixa influenciar por estereótipos da sociedade. É verdade, que pode ser mais benéfico para o bebé, mas o certo é que nenhuma criança é menos saudável ou menos feliz por causa disso. Não sejamos extremistas!

Há mamãs com sorte, para quem amamentar é bom desde o início (é o que eu digo, cada caso é um caso!) e que consideram a amamentação a melhor coisa do mundo! Eu gostei de amamentar a minha filha até agora (aos 9 meses. O leite vai secando.), mas daí a pedirem-me para dizer que foi a melhor coisa do mundo, vai uma grande diferença! Foi bom, mas arranjo uma lista interminável de coisas muito melhores! Fico contente por voltar a ter as mamas só para mim (embora secas e descaídas); por não ter de usar mais os sutiens de amamentação que nos deixam as mamas quase a chegar ao umbigo e combinam lindamente com o uso de t-shirts agora no Verão; por poder beber a minha caipirosca de morango sem peso na consciência!

A minha mãe é que é sábia quando diz: "Se puderes amamentar, ótimo. Mas não faças disso um drama. Acima de tudo, a tua filha quer uma mãe feliz!"

[Atenção que eu continuo a defender a amamentação como primeira opção! E, por isso, sempre amamentei! Só não sou extremista. E acho que, quem decide o contrário, de consciência tranquila, não é pior mãe!].

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